Título: Para oposição, medida é confisco
Autor: Beck, Martha
Fonte: O Globo, 09/10/2009, Economia, p. 25

PSDB e DEM dizem que decisão deve-se à "gastança" do governo

BRASÍLIA. A oposição acusou ontem o governo de estar promovendo um ¿confisco¿ do dinheiro do contribuinte ao reter a restituição devida e transformá-la numa espécie de ¿empréstimo compulsório¿. Para a oposição, o governo pune a classe média com o objetivo de conter as dificuldades decorrentes da queda da arrecadação, de um lado, e do aumento dos gastos públicos, de outro.

Parlamentares do PSDB disseram que o governo, apesar da crise econômica, promove ¿gastança¿ e exigiram explicações formais. Até mesmo dentro da base houve críticas ao comportamento de Mantega, que estaria ¿se notabilizando por criar mais um fato negativo para o governo ao confirmar oficialmente a estratégia da Receita Federal¿, criticou um deputado aliado que não quis ser identificado.

Responsável entre os tucanos pelo acompanhamento dos gastos do governo, o deputado Arnaldo Madeira (PSDB-SP) disse que essa retenção do IR da classe média é mais uma ação do governo para tapar o rombo fiscal. Segundo Madeira, anteontem, em reunião na Câmara, o secretário do Tesouro, Arno Augustin, disse que a arrecadação já caiu até agosto R$ 56,7 bilhões e que a previsão é de queda de R$ 60 bilhões em 2009.

¿ É para esconder a dificuldade orçamentária que está tendo, pela irresponsabilidade de aumentar os gastos no período de declínio da receita. É penalizar a classe média.

Usa a classe média como se fosse um empréstimo compulsório, que vai devolver quando der ¿ disse Madeira, alfinetando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. ¿ Não houve marolinha, e agora o governo vai para cima da classe média.

O líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), disse que apresentará um requerimento convocando o ministro da Fazenda, Guido Mantega, e o secretário da Receita Federal, Otacílio Cartaxo, para dar explicações na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado (CAE). Na mesma linha, o líder do DEM na Câmara, Ronaldo Caiado (GO), disse que a União preferiu punir a classe média: ¿ É um confisco da poupança, como foi à época do governo Collor.

Ele empresta R$ 20 bilhões ao FMI, mas assalta o bolso da classe média.

O líder do governo na Câmara, Henrique Fontana (PT-RS), reagiu da tribuna: ¿ Não há confisco de poupança. O Brasil está saindo muito bem da crise.

Mas a arrecadação deve recuar em R$ 40 bilhões, R$ 50 bilhões. Não é fácil numa crise desse tamanho.