Título: Sem obra, muitas regiões ficarão sem água
Autor: Lins, Letícia
Fonte: O Globo, 14/10/2009, O País, p. 4

SÃO PAULO. Doutor em Hidráulica e Saneamento pela USP, Francisco de Assis Salviano de Sousa, da Universidade Federal de Campina Grande, é um dos pesquisadores que defendem a transposição do São Francisco.

Para ele, só na área de Campina Grande a iniciativa beneficiará 1,1 milhão de pessoas (400 mil da cidade mais dezenas de municípios do Planalto da Borborema): ¿ No começo dos anos 2000, Campina Grande quase viveu um desabastecimento.

Imagine o que é isso em uma cidade desse porte.

As empresas só se instalam aqui se tiverem garantia de abastecimento de água.

Para ele, o projeto de transposição recebeu muitas críticas porque é voltado para o Nordeste.

¿ São Paulo fez a maior transposição do país, o sistema Cantareira, e as pessoas nem sabem disso. Ninguém falou que ia se enforcar, se matar de fome por causa da Cantareira ¿ diz. E acrescenta: ¿ Ouvi hoje mesmo (ontem) críticas sobre não estarem fazendo as obras de revitalização, mas elas estão sendo feitas.

Tanto que, nas regiões onde havia manifestações contra, isso já passou. Então, é uma crítica que não se segura.

Para ele, porém, é preciso que os estados façam projetos para distribuir a água para municípios mais distantes.

¿ Do contrário, as famílias ficarão com a esperança de um dia ter água, mas isso não ocorrerá, porque a prioridade é abastecer os municípios.

A democratização da água é uma preocupação: ¿ A crítica dos pesquisadores aqui do Nordeste é que se poderiam usar os recursos naturais dos estados, já que não usam nem 10% dos mananciais. Eu concordo.

Por outro lado, se não houver a transposição, mesmo que se aproveitem esses mananciais, muitas regiões ficarão sem água. A transposição leva o abastecimento para regiões longe desses mananciais.