Título: Mulheres sem marido, renda de R$ 249
Autor: Menezes, Maiá; Ribeiro, Fabiana
Fonte: O Globo, 10/10/2009, O País, p. 3

Metade das famílias brasileiras vive com menos de R$ 415 per capita ¿ o salário mínimo em vigor em 2008. O dado fica ainda menor quando comparado com os lares chefiados por mulheres: mais da metade das mulheres sem cônjuge e com todos os filhos menores de 16 anos viviam com menos de R$ 249 per capita, de acordo com o IBGE.

¿ Desde 2004, o rendimento médio real tem crescido.

Há, contudo, uma brecha, pois as mulheres ainda ganham menos do que os homens. O que é uma marca do Brasil ¿ comentou Hildete Pereira, professora da UFF.

Segundo a Pnad, a participação das mulheres no mercado de trabalho aumentou na última década, passando de 42% para 47,2%. Trata-se de uma necessidade de complementação de renda, assim como maior independência das mulheres. Em todos os grupos etários pesquisados pelo IBGE, a taxa de ocupação feminina aumentou, exceto entre as meninas de 10 a 15 anos, que registraram queda de 11,5% para 6,4% ¿ o que é resultado de políticas de redução do trabalho infantil.

No Brasil, é alta a taxa de atividade (42,5%) das jovens entre 15 e 19 anos. O IBGE comparou essa taxa com a de outros países, como Argentina e México ¿ respectivamente, 22,3% e 24,9%. Além de trabalharem ou buscarem emprego, boa parte das moças brasileiras estuda: a taxa de frequência do grupo é de 70%.

E a participação das idosas no mercado de trabalho é expressiva.

No Brasil, sua taxa de atividade chega a 20%. Bem acima do que se vê em França (3,6%), Espanha (5,5%) e Alemanha (6,6%), com sistemas de proteção mais eficientes. E entre elas, está Deusnice dos Santos Domingues, de 68 anos.

Há quase 30 anos, ela trabalha no Escritório Central de Arrecadação e Distribuição (Ecad) e não pensa tão cedo em deixar o emprego.

¿ Amo o que faço ¿ disse a moça, que, juntamente com a filha, sustenta a casa.