Título: Mercado de trabalho sai da crise com 252 mil vagas formais em setembro
Autor: Doca, Geralda
Fonte: O Globo, 15/10/2009, Economia, p. 30
Número de postos criados desde fevereiro já supera o de fechados na turbulência
BRASÍLIA e SÃO PAULO. O mercado formal de trabalho brasileiro superou a crise internacional no mês passado, exatamente um ano após o agravamento da turbulência global.
Entre novembro de 2008 e setembro último, o Brasil já apresenta saldo líquido de 236.884 empregos com carteira assinada, após ter eliminado 797.515 postos entre novembro e janeiro. A contribuição definitiva foi dada no mês passado, com a criação de 252.617 vagas, o melhor número de 2009 e o segundo mais elevado para setembro da série histórica. Com isso, o país superou a marca de um milhão de vagas geradas este ano.
Os números são do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgados ontem pelo Ministério do Trabalho. O bom cenário de setembro reflete a retomada vigorosa da economia.
Todos os setores contrataram mais do que demitiram Pela primeira vez no ano, todos os setores contrataram mais que demitiram no acumulado de 2009. O saldo líquido foi puxado pela indústria da transformação, que respondeu no mês pela contratação de 123.318 trabalhadores.
Os ramos com melhor desempenho foram produção de alimentos, têxtil, de calçados, metalúrgico, químico e mecânico.
No ano, a indústria já responde pela geração líquida de 62.759 postos. Mas o segmento ainda amarga um saldo negativo de 291.270 durante a crise, que começou a produzir efeitos em novembro do ano passado.
O ministro do Trabalho, Carlos Lupi, comemora o desempenho da indústria e diz que o setor vai puxar as contratações em outubro, geralmente fraco para o emprego. Estoques baixos e demanda aquecida contribuem positivamente este mês, diz Lupi: ¿ Outubro será melhor que setembro e acho que podemos chegar em dezembro com 1,1 milhão de empregos. A indústria de transformação e o comércio varejista e atacadista, além da construção civil, vão ajudar muito ¿ previu.
O segundo setor que mais contratou em setembro foi o de serviços, com 62.768 postos, influenciado por comércio e administração de imóveis, alojamento e alimentação. Em seguida estão comércio (50.301) e construção civil (32.667). Devido a fatores sazonais, a agricultura perdeu 17.064 postos. No ano, o setor de serviços também lidera as admissões, com 411.426 vagas.
Outro destaque é a construção civil, com 184.204 postos, em segundo lugar.
O Caged mostrou que a Região Nordeste pela primeira vez este ano superou o Sudeste e gerou 100.442 empregos, sobretudo na cadeia produtiva de açúcar e álcool. O Sudeste fez 85.864 admissões, com destaque para São Paulo (59.547) e Rio de Janeiro (14.659). As nove regiões metropolitanas do país responderam por 87.419 vagas, enquanto o interior dos estados desses conglomerados gerou 75.941 postos.
A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) disse ontem que o emprego na indústria paulista ajustado sazonalmente subiu 0,2% em setembro ante agosto, com 14 mil vagas. Sem ajuste, a alta foi de 0,63%
(*) Com agências internacionais