Título: Um apagão na festa da comitiva presidencial
Autor: Gois, Chico de
Fonte: O Globo, 16/10/2009, O País, p. 4

Alojamento reformado para receber Lula e sua equipe sofreu pane elétrica, mas show de MPB continuou madrugada adentro

CUSTÓDIA (PE). Era 0h15m de quinta-feira e o presidente Lula, que havia começado o dia antes das 7h da manhã de quarta-feira - quando embarcou para a primeira etapa da viagem pelo São Francisco em Minas - ainda estava animado no acampamento do Lote 11 no Eixo Leste da obra. Depois de um dia inteiro de visitas e muitos palanques, Lula, acomodado com ministros e governadores no alojamento reformado para recebê-los, estava empolgado com o show particular do cantor pernambucano Maciel Melo, no restaurante. De repente, tudo ficou às escuras.

Foi um corre-corre dos engenheiros da obra, que se desdobraram para resolver o problema restrito à ala presidencial. Do lado de fora, as luzes estavam acesas, o que aumentou o desespero dos anfitriões e da segurança do presidente. Houve um problema no gerador. A luz só voltou 20 minutos depois. Mas a cantoria não parou um minuto. Lula só foi dormir às 1h10m.

Na ala do alojamento destinada ao presidente e à ministra Dilma Rousseff, chefe da Casa Civil e pré-candidata à Presidência - que não ficou na área destinada aos ministros porque era a única mulher - o conforto, com quartos e banheiros privativos, foi garantido pela reforma da empresa responsável pela obra no Lote 11, em Custódia.

No cardápio do jantar eram fartas as opções de comidas e bebidas, com destaque para a carne seca desfiada, um prato muito comum na região, além de camarão e suflês. Cerveja e uísque também foram servidos.

Lula se empolgou com a cantoria de Maciel Melo, um cantor e compositor que, entre sucessos de sua autoria, emplacou "Caboclo sonhador", gravado por Fagner. O artista foi apresentado a Lula pelo governador Eduardo Campos, durante um jantar em Recife.

O primeiro ministro a deixar o restaurante foi o da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima. Dilma permaneceu até por volta de meia-noite e meia. Eduardo Campos e o governador da Paraíba, José Maranhão, que não desgrudava do presidente um minuto, ficou até o fim, além do ministro da Secretaria de Comunicação Social, Franklin Martins.

No final da noite, os que mais aparentavam estar cansados eram os repórteres que acompanhavam a caravana e auxiliares de Lula, que não podiam se retirar antes do chefe.