Título: Aécio e Serra se dizem unidos e negam pressa
Autor: Franco, Bernardo Mello
Fonte: O Globo, 17/10/2009, O País, p. 8

Em clima de comício, pré-candidatos tucanos defendem que decisão sobre candidatura fique para 2010

RUMO A 2010:`Lula tem direito de apoiar candidato, mas não vivemos em regime de capitanias, não faz nomeação¿

GOIÂNIA. O governador de São Paulo, José Serra, disse ontem que o Brasil não é uma capitania hereditária e que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não poderá nomear o sucessor que preferir, em resposta ao petista, que ontem afirmou que a oposição o persegue porque ¿não tem o que fazer¿. Ele fez a declaração ao participar de encontro do PSDB em Goiânia ao lado do governador mineiro Aécio Neves, pré-candidato como ele à disputa presidencial. Apesar da pressão da cúpula tucana e de aliados para que o candidato do PSDB seja escolhido logo, ambos defenderam que a decisão fique para o início de 2010.

Num auditório lotado de políticos e militantes do PSDB, em clima de comício, Serra evitou referências diretas a Lula ou Dilma quando falou que ¿o Brasil não vai se transformar numa grande capitania hereditária¿.

Depois, explicou a metáfora: ¿ Lula tem direito de apoiar um candidato, mas não vivemos num regime de capitanias hereditárias, em que o presidente apoia e automaticamente o candidato está consagrado. Ele não pode fazer uma nomeação.

Serra e Aécio foram anunciados como estrelas de um seminário do partido sobre emprego.

O evento virou um comício das pré-candidaturas, com queima de fogos e faixas pela cidade. O clima de campanha deixou evidente a intenção do PSDB de promover uma contraofensiva política, dias depois de Lula viajar pelo São Francisco com os dois presidenciáveis governistas, a ministra Dilma e o deputado Ciro Gomes (PSB-SP).

Ao falar do governo Lula, Serra moderou nas críticas e chegou a elogiar as políticas de transferência de renda, trunfo eleitoral do PT. Disse que o Bolsa Alimentação, que lançou como ministro da Saúde, foi um dos programas que deram origem ao Bolsa Família.

Aécio foi mais enfático: ¿ Os tucanos não têm motivo para se envergonhar do passado.

Se o Brasil avançou nos últimos anos, é porque o PSDB enfrentou o PT, que votou contra o real e a Lei de Responsabilidade Fiscal. Se um ET pousar no Brasil e assistir a uma semana de noticiário, vai achar que o país foi descoberto em 2003.

Aécio falou como se estivesse num palanque e agradou à militância.

Serra, em tom professoral e cometeu duas gafes. Esqueceuse de citar a senadora Lucia Vânia (PSDB-GO), uma das líderes do partido, e disse que todos os goianos torcem pelo Goiás, o time mais conhecido do estado.

A plateia reagiu: ¿Não!¿. Um dos presentes na mesa era o presidente do clube Atlético-GO, Valdivino de Oliveira, pré-candidato a deputado pelo PSDB.

Antes dos discursos, o presidente do partido, senador Sérgio Guerra (PE), e o ex-governador Geraldo Alckmin defenderam que a escolha até dezembro.

Serra afirmou que a escolha pode ser em março.

¿ Não há problema com prazo de definição. Você acha que o PSDB vai se orientar por uma viagem a mais ou a menos de ministros do governo Lula?

Escolha do candidato deve ser em janeiro

Aécio defendeu que a escolha do candidato seja em janeiro.

¿ Tenho defendido que o início do ano, provavelmente janeiro, seria um bom momento. E defendo até o último instante que as bases do partido tomem essa decisão, até porque quando ela foi tomada pela cúpula perdemos a eleição ¿ disse, referindose à escolha de Alckmin, em 2006, feita pelos dirigentes.

Serra evitou polemizar com o presidente do DEM, deputado Rodrigo Maia (RJ), que manifestou preferência pelo mineiro: ¿ O importante é o apoio do DEM ao PSDB. A expressão de preferências é legítima.