Título: Yeda se livra de impeachment
Autor: Souza, Carlos
Fonte: O Globo, 21/10/2009, O País, p. 8

Governistas derrotaram oposição por 30 votos a 17; nas galerias houve tumulto

PORTO ALEGRE. Numa sessão tensa, a Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul arquivou ontem o processo de impeachment contra a governadora Yeda Crusius (PSDB) por 30 votos contra 17. Nas galerias, manifestantes pró e contra Yeda trocaram hostilidades.

Apenas deputados de oposição ocuparam a tribuna, para atacar o relatório da deputada tucana Zilá Breitenbach contrário à admissibilidade da denúncia contra a governadora por crime de responsabilidade.

Os governistas, maioria na Casa, usaram o silêncio como estratégia e não discursaram na defesa do parecer.

O presidente da Assembleia, Ivar Pavan (PT), teve de repreender os simpatizantes da governadora que vaiavam os oposicionistas durante sua fala. Os seguranças do Legislativo agiram pelo menos duas vezes para conter a agressão física entre manifestantes adversários.

¿Deixa a mulher trabalhar¿, dizia faixa nas galerias Quando o placar eletrônico mostrou o resultado da votação, os deputados dos partidos da base do governo (PSDB, PMDB, PTB, PP e PPS) e seus apoiadores se abraçaram.

Abriu-se nas galerias uma faixa com a inscrição ¿Deixa a mulher trabalhar¿. Do lado de fora, onde ao lado da Assembleia fica o Palácio Piratini (sede do Executivo), ouviu-se o espocar de grande bateria de foguetes. A agenda da governadora previa a presença dela naquela hora em evento em Gramado, na região da Serra. Até por volta das 20h, ela não havia comentado a votação a seu favor.

Nos discursos dos oposicionistas foi recorrente a tese de que Yeda sabia e teria se beneficiado do esquema de corrupção que desviou R$ 44 milhões do Detran-RS e que o relatório de sua correligionária Zilá Breitenbach ignorou indícios e dados apurados pelo Ministério Público Federal e Polícia Federal.

No dia 14, a 4aTurma do Tribunal Regional Federal da 4aRegião (TRF 4) decidiu excluir a governadora da ação de improbidade administrativa que tramita na 3aVara da Justiça Federal em Santa Maria, entendendo que ela não podia responder na Justiça Federal, mas sim perante a Assembleia em caso de crime de responsabilidade.

Com a votação de ontem, resta contra Yeda a CPI da Corrupção em desenvolvimento no Legislativo.

A terça-feira começou mal para a oposição. De manhã, o Tribunal de Justiça divulgou a informação de que o desembargador Luiz Felipe Silveira Difini indeferira a liminar solicitada por 12 deputados oposicionistas que pediam a suspensão do rito do processo de impeachment, alegando suposta irregularidade na votação anterior do relatório na Comissão Especial. Eles queriam evitar que o relatório fosse apreciado no plenário. De acordo com a oposição, o deputado Carlos Gomes, que havia trocado o PPS pelo PRB e foi decisivo na votação da Comissão, não estaria em condições legais para participar da sessão.