Título: Bois apreendidos são entregues ao Fome Zero
Autor: Carvalho, Jailton de
Fonte: O Globo, 21/10/2009, O País, p. 12

Ministro diz que ações contra o desmatamento renderam, este ano, R$ 1,3 bilhão em multas

BRASÍLIA. O ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, informou ontem que as ações de combate ao desmatamento na Amazônia, entre elas a Operação Arco de Fogo, já renderam de janeiro até agora R$ 1,3 bilhão em multas. Antes do anúncio, Minc determinou a entrega de 600 bois e cem ovelhas ao programa Fome Zero.

Os bois e as ovelhas foram apreendidos durante a Operação Boi Pirata II, iniciada em maio e que está, agora, em fase final. O Ibama já está preparando uma nova operação com o objetivo de reprimir a devastação de florestas para a formação de pastagens na Amazônia.

¿ Ano passado, quando a gente disse que boi pirata iria virar churrasquinho o pessoal não acreditou. Hoje fizemos a doação dos bois para o Fome Zero ¿ afirmou Minc.

O diretor de Fiscalização do Ibama, Bruno Barbosa, afirma que o número de bois apreendidos e doados ao Fome Zero pode parecer pequeno, mas é importante. Segundo ele, a partir do confisco 25 mil bois foram retirados de áreas irregulares, a m a i o r i a d e l a s p a s t a g e n s criadas em zonas de preservação ambiental.

Outra quantidade expressiva de bois deve ser retirada também de fazendas criadas em áreas de florestas. Os fazendeiros estariam com dificuldades de cumprir as ordens por falta de caminhões suficientes para transportar o gado para pastagens regularizadas.

¿ A apreensão dos bois teve efeito dissuasório ¿ disse Barbosa.

Ibama apreendeu 81 mil metros cúbicos de madeira Nas ações de fiscalização, agentes do Ibama, com a ajuda da Polícia Federal e da Força Nacional, interditaram cem áreas de 50 mil hectares de pastagens irregulares e apreenderam 81 mil metros cúbicos de madeira em tora.

Para o ministro Carlos Minc, essas ações são importantes também para que o Brasil cumpra as metas que serão apresentadas na Conferência sobre Mudanças Climáticas, em Copenhague, em dezembro.

Durante a entrevista, o ministro reclamou da pressão de políticos para legalização de planos de manejos.

Minc criticou especialmente a rapidez das autorizações concedidas no Pará e disse que iria conversar sobre o assunto com a governadora Ana Júlia Carepa. Pelas informações do ministro do Meio Ambiente, os planos estariam sendo autorizados em até uma semana, um prazo considerado impossível de ser cumprido devido à complexidade da análise prévia que deve ser feita antes da concessão da licença.

¿ Todo mundo sabe que é impossível aprovar um plano de manejo em um ano ¿ afirmou Minc.