Título: Ala oposicionista reage ao acordo
Autor: Camarotti, Gerson
Fonte: O Globo, 22/10/2009, O País, p. 4

Jarbas, Simon e Quércia são contra e vão tentar mudar decisão na convenção

BRASÍLIA e SÃO PAULO. A ala oposicionista do PMDB reagiu ontem ao pré-acordo celebrado com o PT. O senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) chegou a dizer que o pacto não tem validade, já que a definição do partido só acontecerá na convenção de junho de 2010. Para ele, essa precipitação foi motivada pela pressa do presidente Lula.

¿ Não acredito que esse acerto prospere. O tempo está contra eles. Está evidente o pragmatismo do PMDB, que levou o partido a participar desse jantar. Agora, atribuo essa pressa ao presidente Lula, que quer ganhar a eleição a todo custo.

O senador Pedro Simon (PMDB-RS) criticou o fato de as bases partidárias não terem sido consultadas, afirmando que a militância da legenda deseja candidatura própria.

¿ Nos encontros estaduais realizados este ano, a expressiva maioria do partido optou pela candidatura própria em 2010.

Esse grupo que comanda o PMDB nacional é o mesmo que estava com o governo de Fernando Henrique Cardoso. Os dirigentes (do PMDB) não estão à altura da dignidade da base partidária ¿ criticou Simon.

Simon disse que a maior parte dos estados se posicionou a favor da candidatura própria em congressos estaduais em 23 unidades da federação.

¿ A ampla maioria quer a candidatura própria ¿ disse Simon, que agregou Goiás à lista dos estados que se opõem à aliança formal com o PT.

Para o PSB, a formalização da aliança do PT com PMDB não muda nada na candidatura presidencial do deputado Ciro Gomes (PSB). O líder do PSB, senador Renato Casagrande (ES), disse que o partido vai intensificar a candidatura de Ciro, para, em março, analisar o quadro eleitoral: ¿ Não tem nenhuma novidade (o acordo PT/PMDB). A estratégia do PSB é intensificar a candidatura do Ciro. Não temos força institucional para atrair alianças. Nossa única força é a viabilidade eleitoral da candidatura Ciro e é com isso que vamos contar.

¿Essa proposta não passa na convenção do PMDB¿ Em São Paulo, a ala oposicionista do PMDB também bombardeou a proposta. O exgovernador de São Paulo Orestes Quércia, aliado do governador José Serra (PSDB), disse ontem que vai tentar, a partir dos diretórios estaduais, derrubar o pré-acordo na convenção nacional do partido: ¿ Essa proposta não passa na convenção do PMDB. A cúpula do partido no Congresso saiu às pressas e tomou uma decisão sem discutir com ninguém.

Este acordo não tem respaldo da base do PMDB¿ disse Quércia, que é presidente do PMDB de São Paulo.

Segundo ele, os diretórios de São Paulo, Rio Grande do Sul e Pernambuco são contra o préacordo no qual os dois partidos se comprometem a compor chapa com candidatos a presidente e vice. Paraná, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul, de acordo com Quércia, também estariam propensos a rejeitar o pré-acordo.

¿ Conforme o andar dos acontecimentos, Minas Gerais, Bahia e Rio Grande do Norte também podem se opor ¿ disse Quércia.

Segundo ele, a descisão anunciada atropelou todas as instâncias partidárias e não representa uma posição formal do PMDB.

¿ Isso não é uma decisão da executiva nacional ou do congresso nacional do PMDB. É a decisão de um grupo com influência no Congresso como Michel Temer, José Sarney e Renan Calheiros ¿ disse. (Gerson Camarotti e Ricardo Galhardo.