Título: Jovens terão prioridade na fila de transplantes
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Fonte: O Globo, 22/10/2009, O País, p. 9

Saúde lança medidas para ampliar procedimentos, com investimento de R$ 24 milhões este ano e em 2010

O ministro da Saúde, José Gomes Temporão, anunciou ontem um pacote de ações para aumentar o número de transplantes de órgãos no país. Os investimentos, a serem aplicados ainda este ano e no próximo, somam mais de R$ 24 milhões. O ministro divulgou também o novo regulamento técnico para doação. A partir de agora, os menores de 18 anos vão ter prioridade para receber órgãos de doadores da mesma faixa etária.

No caso específico dos rins, menores de 18 anos poderão ingressar na lista de transplantes antes mesmo de entrar na fase terminal da doença renal ou de ter indicação para diálise. Também os pacientes com doenças transmissíveis vão poder doar órgãos, mas só para quem tem a mesma enfermidade.

Estão previstos mecanismos de controle, como a exigência de que os pacientes mantenham suas fichas atualizadas na lista de transplantes, mostrando que estão em condições de receber o órgão ou tecido. Um novo sistema informatizado permitirá que os pacientes consultem sua posição na lista de espera.

¿ As medidas anunciadas hoje têm estas duas facetas: sensibilizar a população brasileira para se declarar um doador e, ao mesmo tempo, mudar, estruturar e inovar em mecanismos que ampliem a captação de órgãos e, por tanto, a re a l i z a ç ã o d e transplantes ¿ disse Temporão.

Atualmente, 63.800 pessoas estão na fila de transplante de órgãos no país. No primeiro semestre deste ano, o número de transplantes de órgãos de doadores falecidos aumentou 24% em relação ao mesmo período de 2008. Serão criadas equipes de ¿procura de órgãos¿, que vão atuar em diversos hospitais, de todo o Brasil, buscando facilitar a doação de órgãos.

O ministério pretende aumentar os transplantes de pele e ossos, autorizando a criação de bancos multitecidos e aprofundando os procedimentos neste tipo de doação. No caso do transplante de pele, a equipe médica do Sistema Único de Saúde (SUS) passará a fazer também retirada da pele e o processamento do órgão, procedimentos completamente novos para o sistema.

Outra medida será dobrar o valor pago à instituição e à equipe envolvida no procedimento de captação de órgãos, que inclui desde a entrevista com a família do doador à manutenção hemodinâmica (circulação do sangue nas veias) desses prováveis doadores.

Além disso, novos procedimentos, como consulta de acompanhamento pré-transplante, avaliação dos possíveis doadores, cirurgias para obtenção de tecidos humanos e processamento de pele, serão incorporados ao orçamento.

As novas regras atingem também as doações intervivos de doadores não aparentados.

Atualmente, esse tipo de procedimento precisa ser autorizado pela Justiça. A partir de agora, o procedimento precisará ser autorizado por uma comissão de ética formada por funcionários do hospital onde será realizado o procedimento.