Título: Gilmar Mendes defende ação articulada contra o tráfico de armas e de drogas
Autor: Werneck, Antônio; Duarte, Patrícia
Fonte: O Globo, 22/10/2009, Rio, p. 15

Presidente do STF diz que é preciso dar atenção especial às fronteiras

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, defendeu ontem uma ação articulada do Estado para o combate ao contrabando de armas e ao tráfico de drogas, sobretudo nas regiões do Brasil que fazem fronteira com outros países.

Na terça-feira, Gilmar Mendes e o secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, cobraram uma atuação mais consistente do governo federal no combate ao crime organizado, sugerindo até a volta da discussão sobre o uso das Forças Armadas.

¿ A importação de armas se dá a partir das fronteiras, normalmente. Também o tráfico de drogas depende da passagem pelas fronteiras. Então, é preciso que haja uma articulação dos estados fronteiriços, da própria União, da Polícia Federal e eventualmente das Forças Armadas. Todos articulados no combate aocrime ¿ afirmou Mendes.

Pesquisador do Viva Rio, Antonio Rangel, que busca soluções para o controle de armas no Rio há mais de dez anos, disse que as autoridades brasileiras sabem todos os cami-nhos que o armamento pesado percorre até chegar às mãos dos traficantes. Um levantamento feito pela Subcomissão Especial de Armas e Munições da Câmara dos Deputados, em Brasília, mostrou de ondesaem as armas que abastecem os criminosos carioca.

¿ As autoridades sabem, mas não estão fazendo nada para impedir que as armas de guerra cheguem às mãos dos criminosos ¿ afirmou Antonio Rangel.

Em 2006, um relatório da CPI Sobre Organizações Criminosas do Tráfico de Armas, do Congresso Nacional, revelou que 86% das armas usadas no crime no Rio tinham origem legal, saindo de lojas, empresas de segurança privada e forças públicas de segurança, como polícias estaduais e Forças Armadas.

Hoje, na sede do Viva Rio, na Glória, 18 autoridades da área da segurança do Brasil, dos Estados Unidos e da Inglaterra participam da instalação de um grupo de trabalho para estudar mudanças na legislação de combate às drogas. Entre os convidados, está o delegado Roberto Ciciliati Troncon Filho, diretor de Combate ao Crime Organizado da Polícia Federal.