Título: Fiocca vai assumir a BB DTVM
Autor: Camarotti, Gerson; Doca, Geralda
Fonte: O Globo, 23/10/2009, Economia, p. 32

Amigo de Mantega, executivo ocupa comando do Nossa Caixa

BRASÍLIA.O ministro da Fazenda, Guido Mantega, pela segunda vez impôs o nome de Demian Fiocca para assumir um alto cargo executivo no Banco do Brasil (BB). Desta vez, ele ficará no comando da BB DTVM, a maior administradora de recursos do país, com R$ 200 bilhões de patrimônio. Fiocca vai substituir João Ayres Rabello Filho, que estava no cargo desde julho último.

Há cerca de seis meses, Fiocca virou presidente do banco paulista Nossa Caixa, adquirido pelo BB recentemente. No dia 30, o Nossa Caixa será oficialmente incorporado pelo BB. Nos bastidores do BB, a imposição do nome de Fiocca causa desconforto.

A irritação da diretoria deve-se tanto à interferência do ministro quanto à linha de trabalho do executivo, que não estaria de acordo com a atuação do banco. No processo de integração do Nossa Caixa, há queixas de que Fiocca poderia ter sido mais ágil.

Fiocca é muito ligado a Mantega e o tem acompanhado desde o início do governo Lula. A parceria começou com a nomeação dele para a secretaria de Assuntos Internacionais do Ministério do Planejamento, quando a pasta estava sob o comando de Mantega, no início do primeiro mandato.

Mais tarde, assumiu o BNDES ¿ instituição que já havia sido comandada por Mantega. Perdeu o cargo quando o Palácio do Planalto decidiu fortalecer a instituição, processo que resultou na indicação de Luciano Coutinho, atual presidente do banco.

Sob patrocínio do governo ¿ que mantém participação indireta na Vale por meio da BNDESPar e de fundos de pensão de estatais ¿, Fiocca foi alçado a uma diretoria na mineradora, de onde foi demitido em meados do primeiro semestre.

Uma vez disponível, Fiocca acabou assumindo a presidência do Nossa Caixa, que ocuparia apenas até o fim de novembro. Mantega, mais uma vez, mobilizou-se pelo amigo.

A desconfiança da ala técnica do BB com Mantega ¿ a instituição está subordinada ao MInistério da Fazenda ¿ vem se acentuado desde o início do ano. Em abril, com o aval do presidente Lula, o ministro conseguiu trocar Antonio de Lima Neto por Aldemir Bendine na presidência da instituição.

Ele argumentava que queria que o BB entrasse com mais força no mercado de crédito, que sofria forte restrição de liquidez, e forçasse os concorrentes privados a agirem da mesma maneira.

Procurados, BB e Nossa Caixa não comentaram o assunto. (Patrícia Duarte)