Título: A fila é grande
Autor: Vidor, George
Fonte: O Globo, 26/10/2009, Economia, p. 15

Com a ajuda dos empresários da construção civil, a secretaria municipal de Habitação já cadastrou no Rio 200 mil interessados em adquirir imóveis que serão financiados com recursos do programa federal Minha Casa, Minha Vida. A quota do Rio no programa é de 65 mil casas, para famílias com renda de até dez salários mínimos. Se toda essa demanda for confirmada, a quota será ampliada.

A Caixa Econômica tem um prazo de 45 dias para analisar e aprovar os pedidos de financiamento. Já os construtores precisam entregar as casas prontas em até 13 meses.

As grandes empreiteiras estão assumindo os projetos para construção de imóveis voltados para a baixa renda (até três salários mínimos), pois só há ganho nos empreendimentos para essa faixa quando as obras são feitas em ritmo industrial. Mesmo assim, dependem de apoio municipal e estadual. Pequenas e médias construtoras vêm atuando mais na faixa de cinco a seis salários mínimos. Várias delas esperam atrair investidores estrangeiros para o negócio, com expectativa de ganho de 20%. Irlandeses foram os primeiros a se interessar pelo programa; nos próximos dias virá ao Rio uma missão de Cingapura com igual objetivo.

O próprio ministro da Fazenda, Guido Mantega, reconheceu que o IOF de 2% sobre a entrada de capital estrangeiro para aplicações financeiras no Brasil pouco pode fazer para evitar essa indesejável valorização do real. Entende-se que o governo tenha recorrido a esse tipo de iniciativa, ainda que não apostando muito nela, pois uma característica da atual administração é oferecer algo em troca quando fica sob pressão. No caso, tal pressão parte de exportadores e de segmentos da indústria, que se queixam da perda de competitividade diante dos concorrentes no exterior. Já vinham prosperando propostas para controle de capitais ou mudanças no câmbio flutuante, o que poderia ser desastroso.

Com o IOF, a equipe econômica deixou entender que não ficará de mãos atadas diante da valorização excessiva do real, e, no curtíssimo prazo, deve amainar a crescente insatisfação de exportadores e economistas que não se conformam com o câmbio livre em uma economia emergente.

É grande a torcida para que a OGX, de Eike Batista, tenha sucesso nos blocos que começou a explorar nas bacias de Campos e Santos, mas talvez seja um pouco cedo para se soltar rojões com os resultados das primeiras perfurações.

O poço 1-OGX-RJS, no qual se encontrou óleo em uma espessura de 70 metros (o que levaria a se projetar reservas recuperáveis de até 600 milhões de barris) não está muito distante de uma área já explorada pela Petrobras, na qual se chegou a constatar presença de óleo pesado em uma camada de areia 25 metros no poço 1-RJS-104, e o projeto não foi adiante.

Os novos poços que a OGX vai perfurar é que poderão definir a quantidade de petróleo e gás possível de ser extraída desse reservatório. As apostas, por enquanto, giram em torno de 100 milhões de barris.

São considerados campos gigantes, viáveis comercialmente tratando-se de óleo pesado, aqueles com capacidade para produzir mais de 150 milhões de barris.

OGX e Petrobras disputaram o bloco na Bacia de Campos que está sendo explorado agora pela empresa de Eike Batista. A OGX ficou com a concessão porque pagou R$100 milhões a mais em bônus de assinatura e se comprometeu a contratar no Brasil o mesmo percentual de equipamentos e serviços oferecido pela Petrobras.

O bloco é atrativo porque está em área não tão distante da costa e com lâmina d"água inferior a 200 metros, o que permitiria a instalação de uma plataforma fixa, mais barata que as flutuantes.