Título: Marina: CPI não pode investigar só o MST
Autor: Scofield Jr., Gilberto
Fonte: O Globo, 27/10/2009, O País, p. 8

Para senadora do PV, comissão também deve apurar "as ações dos ruralistas que exorbitam de suas atribuições"

Correspondente

WASHINGTON. A senadora Marina Silva (PV-AC) afirmou ontem que não apoia a criação de uma CPI destinada apenas a apurar as invasões do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Segundo ela, há exageros tanto de semterra como de ruralistas, e investigar só um lado seria uma ¿tentativa de criminalização de um aspecto do problema agrário muito maior no Brasil¿.

A senadora ¿ que está em Washington em visita a políticos e institutos de pesquisa ligados à questão ambiental ¿ afirmou que só aceita uma CPI que contemple o problema agrícola e fundiário brasileiro como um todo, investigando não só os abusos do MST, mas também ¿as ações dos ruralistas que exorbitam de suas atribuições¿.

¿Os atos falhos falam mais do que o discurso (de Dilma)¿

A senadora criticou a chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, por ter declarado que os ataques da oposição contra suas viagens para visitar obras escondem um ¿preconceito contra uma candidata mulher¿: ¿ Há uma clara noção de que o legítimo direito do Estado de fiscalizar o andamento das obras públicas está ganhando uma qualificação de campanha eleitoral, como todos os eventos envolvendo as obras do Rio São Francisco, e isso não tem absolutamente nada a ver com o fato de o candidato ser mulher ou homem. Não devemos extrapolar.

O que é preciso é ter o devido cuidado com a estrutura pública, para que não se esteja favorecendo esse ou aquele candidato, homem ou mulher. Os atos falhos falam mais do que o discurso (da ministra) ¿ disse.

Provável candidata do PV à Presidência, Marina criticou ainda aqueles que incluíram a agenda ambiental em seus projetos de governo: ¿ Os atuais candidatos só começaram a incluir o tema do meio ambiente em seus discursos de campanha de dois meses para cá, porque 95% dos brasileiros acham que o tema é um assunto de governo importante que não pode ser posto de forma colateral nos debates.