Título: Mamãe ajudou muitos asilados em casa
Autor:
Fonte: O Globo, 27/10/2009, O Mundo, p. 25

Embaixatriz deu refúgio a Juanita em 1958

No livro ¿Fidel e Raúl, meus irmãos ¿ A história secreta¿, Juanita Castro conta como Vasco Leitão da Cunha e sua mulher, Virgínia, haviam oferecido asilo a muitos revolucionários durante a ditadura de Fulgencio Batista, derrubado por Fidel em 1959. Segundo Juanita, ela mesma foi acolhida pelo casal, que inicialmente simpatizara com o governo de Fidel, mas teria ¿ assim como Juanita ¿ se decepcionado com o passar do tempo. Vasco foi embaixador na representação diplomática brasileira em Havana entre 1956 e 1961.

Filha do casal, Isabel Gurgel Valente confirmou ao GLOBO que a casa da família em Havana costumava abrigar revolucionários no período, mas disse não ter conhecimento da possível participação da mãe no recrutamento de agentes para a CIA após Fidel tomar o poder. Isabel também preferiu não comentar a suposta decepção do casal com a Revolução.

¿ Na Revolução, tínhamos muitos asilados em casa, incluindo Juanita, que passou um tempo. Mamãe ajudou muito, torcia pela Revolução, ajudou na medida do possível e no que uma embaixatriz brasileira poderia fazer ¿ disse Isabel, ao GLOBO.

Na entrevista que Juanita concedeu na noite de domingo à TV Univision para divulgar o livro e revelar seu segredo ¿ que anunciara previamente como sendo ¿estremecedor¿ e uma ¿confissão impactante¿ ¿ a irmã de Fidel revelou como foi convidada para ser agente da CIA, fornecendo informações sobre o governo cubano aos EUA.

¿ Disseram-me que traziam um convite da CIA, (...) que tinham coisas interessantes para me contar e pedir. Perguntaram se estava disposta a correr esse risco. Fiquei meio chocada, mas disse que sim ¿ afirmou Juanita à TV.

Em 1961, Vasco Leitão da Cunha retornou ao Itamaraty e, em novembro daquele ano, quando o Brasil retomou suas relações diplomáticas com a União Soviética, foi nomeado embaixador em Moscou ¿ e para lá foi enviado no começo de 1962. Em janeiro de 1964 foi chamado a voltar ao Brasil e em abril, logo após o golpe militar, assumiu o cargo de Ministro das Relações Exteriores. Acumulou também a pasta da Saúde. Leitão da Cunha permaneceu no governo até janeiro de 1966. Durante sua gestão, o Brasil rompeu relações com Cuba, em 1964, e a política externa independente iniciada nas gestões anteriores começou a ser desmantelada.

Com agências internacionais