Título: Senado ameaça bloquear salários
Autor:
Fonte: O Globo, 28/10/2009, O País, p. 4

Heráclito diz que pagamento de hora extra na Casa é "uma bagunça"

BRASÍLIA. O Senado vai bloquear hoje o pagamento de salário de 88 servidores - 23 efetivos e 65 comissionados - que não participaram do processo de recadastramento nos últimos dois meses e são suspeitos de serem fantasmas. Além desses, outros 415 que não concluíram o processo também ficarão sem receber, somando 503 servidores ao todo. Será definido um prazo, possivelmente de cinco dias, para que esses servidores concluam o recadastramento. O bloqueio do salário poderá ser revertido para os que conseguirem provar que trabalham. A Casa tem 3.500 servidores efetivos e 2.200 comissionados.

Em audiência no Senado, o 1º secretário, Heráclito Fortes (DEM-PI), admitiu ontem ser grande o número de servidores que aparecem para assinar o ponto na Casa a partir das 18h30m só para receberem hora extra:

- O sistema de pagamento de hora extra ainda é uma bagunça. A solução será o ponto eletrônico. Sendo que, para algumas categorias, como taquígrafos, policiais e o pessoal da comunicação social e saúde, vamos criar o banco de horas.

Os nomes dos funcionários que terão o salário bloqueado só serão divulgados após checagem para descobrir se, entre eles, há servidores de licença médica ou fazendo cursos. Quem não for localizado deverá responder a processo administrativo, estando sujeito a sanções disciplinares e demissão.

Deputado é acusado de usar fantasmas

Amanhã a Mesa Diretora do Senado vai analisar a recomendação, feita pela comissão de sindicância interna, para que o ex-diretor de Recursos Humanos João Carlos Zoghbi seja demitido por improbidade administrativa. Zoghbi foi identificado como um dos responsáveis pelos mais de mil atos secretos nos últimos 14 anos.

Na Câmara, a comissão de sindicância que apura o envolvimento dos deputados Paulo Roberto (PTB-RS) e Eugênio Rabelo (PP-CE) no escândalo da venda das cotas de passagens aéreas não encontrou evidências de participação dos parlamentares e sugeriu o arquivamento da denúncia. Mas, no decorrer das investigações, surgiram outras suspeitas contra Paulo Roberto. O parlamentar é acusado de contratar funcionários fantasmas e de ficar com parte de seus salários, o que ele nega.