Título: AfroReggae: preso diz que deu tênis a casaco a PM
Autor: Tabak, Flávio; Goulart, Gustavo
Fonte: O Globo, 28/10/2009, Rio, p. 14
Acusado do crime tem seis passagens pela polícia; ele nega que tenha atirado na vítima
RUI MÁRIO Maurício de Macedo, numa sala da 1ª DP (Praça Mauá): ele confessou ter assaltado a vítima
Em depoimento prestado na madrugada de ontem, Rui Mário Maurício de Macedo, de 34 anos, conhecido como Romarinho ¿ acusado de ter participado do assalto que resultou na morte do coordenador de Projetos Sociais do AfroReggae, Evandro João da Silva ¿ confessou que roubou o par de tênis e a jaqueta usados pela vítima e que teve de entregar os objetos aos PMs. Segundo ele, porém, o tiro que matou Evandro foi disparado por seu comparsa, que está foragido.
No depoimento, Rui Mário disse que ele e um comparsa (identificado como Renge) ¿ficaram indignados¿ ao verem na esquina da Rua do Carmo com a Rua do Ouvidor ¿diversos elementos em atos obscenos¿. Ainda de acordo com o depoimento, Evandro surgiu na rua quando eles abordavam homens que estariam fazendo sexo. Evandro recebeu, então, a ordem de tirar o tênis e o casaco. Depois de fazer isso, contou o bandido, Evandro se atracou com ele iniciando uma luta corporal. Ele conseguiu se desvencilhar e Renge também. Este, segundo o preso, pegou uma arma na cintura e fez um disparo.
No relato, Rui Mário afirma que logo depois foram abordados pelos PMs e que um deles ¿tomou o casaco e o tênis das mãos do declarante levando para o interior da viatura¿. Em seguida, foram liberados.
Depois do crime, ainda de acordo com o depoimento, o comparsa escondeu o revólver numa lixeira da Rua do Carmo. Ele teria voltado ao local do crime para tentar apanhar a arma jogada na lixeira por Renge, mas desistiu.
Ontem de manhã, o delegado da 1ª DP (Praça Mauá), José Luiz Duarte, informou que o preso havia dito que jogara o tênis e o casaco no chão, antes da chegada dos policiais. Segundo o delegado, Romarinho teria afirmado na delegacia que toda a ação ocorreu antes da chegada do capitão Dennys Leonard Bizarro e do cabo Marcos de Oliveira Sales, que não socorreram Evandro, não prenderam os criminosos e colocaram os objetos da vítima, até hoje desaparecidos, dentro da Blazer da PM. Romarinho, segundo o delegado, teria dito que foi abordado pelos policiais, mas não foi preso por não estar com os objetos do roubo.
Preso anteontem, Romarinho tem seis passagens pela polícia. As anotações são de tráfico de drogas, corrupção de menores, tentativa de furto, porte ilegal de arma, além de duas por uso de entorpecentes. A Justiça o absolveu do furto e da corrupção de menores, registrados em 1999. Os outros indiciamentos, segundo o delegado José Luiz Duarte, ainda aguardam julgamento. O Tribunal de Justiça informou que não constam condenações contra Romarinho.
A conduta do cabo e do capitão está sendo investigada por um Inquérito policial-militar. No depoimento prestado ao delegado, semana passada, o cabo e o capitão disseram que o material foi encontrado próximo aos dois assaltantes, mas não com eles.
De acordo com o delegado, a arma usada no crime foi roubada juntamente com um veículo, em dezembro do ano passado, na área da 44ª DP (Inhaúma). A arma está em nome do dono do automóvel e sua situação é legal. Romarinho passaria a noite na 5ª DP (Mem de Sá). O capitão e o cabo foram chamados ontem por Duarte para fazer o reconhecimento do suspeito, mas, segundo ele, a PM não conseguiu agilizar a documentação para a apresentação dos policiais na 1ª DP. Ele adiou para hoje, a partir das 13h, o reconhecimento do bandido.