Título: É mais seguro investir no Brasil
Autor: Oliveira, Eliane; Paul, Gustavo
Fonte: O Globo, 01/11/2009, Economia, p. 34

BRASÍLIA. O ministro do Desenvolvimento, Miguel Jorge, causou polêmica ao declarar que a cobrança de 2% de IOF sobre capital estrangeiro não surtiria o efeito desejado. Para ele, ação para conter o ingresso de dólares só terá resultado se for sobre capital especulativo, pois o Brasil se consolidou como receptor de investimentos produtivos.

Eliane Oliveira

Novas medidas para evitar a entrada de dólares no país poderiam inibir investimentos ao setor produtivo?

MIGUEL JORGE: Não há como isto acontecer. É grande o interesse de empresas nacionais e estrangeiras no Brasil. Além da credibilidade que o país alcançou, há projetos de grande interesse, como PAC, pré-sal, trem-bala, Copa do Mundo e Olimpíadas do Rio.

Os projetos de investimento estão concentrados nesses programas e eventos?

MIGUEL JORGE: Não necessariamente. O laboratório Sanofi-Aventis decidiu construir uma fábrica de genéricos no Distrito Federal, com investimentos de US$45 milhões. A Toyota investirá US$700 milhões em Sorocaba.

O senhor tem conversado com investidores?

MIGUEL JORGE: Com frequência. Todos sabem que é mais seguro investir no Brasil. Acabou visão de curto prazo.

Qual a importância do mercado interno?

MIGUEL JORGE: O mercado interno equivale a 86% do PIB. Foi fundamental para que o Brasil não sofresse com a crise, ao contrário do que ocorreu com outros países.

O governo prepara ações para que o setor produtivo aprenda a conviver com o novo patamar de câmbio?

MIGUEL JORGE: Já temos a Política de Desenvolvimento Produtivo, que prevê inovação, competitividade e qualidade a produtos e serviços brasileiros.

Como competir com a China, cujo governo tem controle sobre o câmbio?

MIGUEL JORGE: A Alemanha é o maior exportador do mundo não por causa do câmbio, mas porque é mais eficiente que a China em produtos de alta qualidade e alta tecnologia.