Título: No Senado, 36 servidores ainda não fizeram recadastramento
Autor: Vasconcelos, Adriana
Fonte: O Globo, 04/11/2009, O País, p. 3

No TCU, ministro discorda de parecer sobre patrimônio de Agaciel

BRASÍLIA. A Diretoria Geral do Senado ainda não sabe o paradeiro de 36 servidores da Casa que continuam fugindo do recadastramento realizado para investigar a existência de fantasmas e de nepotismo. No último dia 26, a diretoria de Recursos Humanos bloqueou o pagamento de salários de 88 potenciais servidores fantasmas ¿ sendo 23 efetivos e 65 comissionados ¿ que não participaram do processo de recadastramento iniciado em julho.

No boletim administrativo das 18h de ontem, dos 533 servidores que ainda não tinham fornecido os dados exigidos, 355 concluíram o processo, 112 estavam com o processo inconcluso e 36 sequer apareceram.

O prazo termina à meia-noite de sexta-feira. Quem não comprovar que efetivamente trabalha e que não tem laços de parentesco direto com senadores e dirigentes da Casa continuará com os salários bloqueados e responderá a processo administrativo para eventual exoneração. A Diretoria Geral já identificou todos os servidores não recadastrados, mas os nomes não serão divulgados. Está checando se estão de licença médica ou afastados para fazer curso de capacitação. Seus chefes estão sendo notificados.

Ontem, o ex-diretor geral do Senado Agaciel Maia foi envolvido em outra polêmica, com a troca de relatores do processo que investiga sua evolução patrimonial no Tribunal de Contas da União (TCU). Encarregado dos assuntos relacionados com o Senado, o ministro Raimundo Carreiro ¿ que foi secretário-geral da Casa por muitos anos ¿ se julgou impedido de continuar relatando o processo, que foi redistribuído para Haroldo Cedraz.

Carreiro devolveu o caso, segundo reportagem da ¿Folha de S.Paulo¿, por discordar do parecer técnico dos auditores do TCU, que, ao analisarem a evolução patrimonial de Agaciel, não viram incompatibilidade entre seus rendimentos e a conta mantida pelo ex-diretor na Caixa Econômica Federal com saldo de R$ 2 milhões.

Para os auditores, Agaciel comprovou renda para o saldo. Mas Carreiro discordou da metodologia de cálculo da evolução patrimonial, a mesma usada pela Receita Federal. Agaciel disse que se considera injustiçado: ¿ Não tinha nada a esconder, é uma conta num banco oficial, que recebeu depósitos dos meus salários, de R$ 18 mil, e de minha mulher, de R$ 15 mil, ao longo de 33 anos.