Título: Contas de senadores
Autor: Azedo, Luiz Carlos
Fonte: Correio Braziliense, 23/05/2009, Política, p. 5

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu montar a operação para reforçar a campanha da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, ao perceber que aliados insinuaram ir longe demais na questão do terceiro mandato. A prova do ensaio de integrantes da base ficou claro no início da semana, em um jantar para discutir a reforma política. Um grupo de deputados fez informalmente levantamento sobre o que seria preciso no Senado para a emenda passar.

Numa rápida conta, eles concluíram que teriam 45 votos favoráveis à PEC, quatro a menos que o mínimo necessário para aprová-la. Na conta, retiraram todos os senadores de PSDB, DEM e PSol e alguns de partidos aliados como Romeu Tuma (PTB-SP), Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR), Cristovam Buarque (PDT-DF), Osmar Dias (PDT-PR), Patrícia Saboya (PDT-CE), além dos peemedebistas Mão Santa (PI), Jarbas Vasconcelos (PE) e Pedro Simon (RS).

O jantar ocorreu na residência do deputado Ricardo Barros (PP-PR). Existe um grupo de aliados de Lula que acha que a proposta passaria sem nenhum problema pela Câmara. Por isso, o presidente determinou a ministros e petistas saírem em defesa de Dilma. O primeiro passo foi divulgar detalhes de uma pesquisa de consumo interno que mostra a ministra com variação de 19% a 25%, com uma média de 22%. O segundo foi ir a campo para rechaçar a tese do terceiro mandato sob argumento de que só serviria para enfraquecer a candidatura num momento que ela dá sinais de vigor.

A investida comandada pelo presidente surtiu efeito. O líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN), disparou telefonemas para negar que a cúpula do partido tenha fechado qualquer acordo para estimular o debate da campanha por quatro anos mais para Lula.

A mudança na Constituição para dar ao presidente o direito de disputar mais quatro anos ganhou força após o deputado Jackson Barreto (PMDB-SE) anunciar que pretende apresentar até a próxima semana proposta nesse sentido. Lula nega qualquer interesse na ideia. O PT disse que mesmo se uma PEC for aprovada, ela será usada para beneficiar Dilma. ¿Ela vai servir para o terceiro mandato da Dilma. O presidente Lula já disse que não irá disputar¿, afirmou o líder do PT, Cândido Vaccarezza (SP).