Título: PT diz não ter um plano B
Autor: Azedo, Luiz Carlos
Fonte: Correio Braziliense, 23/05/2009, Política, p. 5

Alto escalão petista parte para a defesa da candidatura de Dilma contra próprios aliados, que se movimentam a favor do terceiro mandato

Vaccarezza: ¿O nome é Dilma, não há candidatura alternativa, nem terceiro mandato para Lula¿ Não existe um plano B do PT para a sucessão presidencial em 2010. ¿O nome é Dilma, não há candidatura alternativa, nem terceiro mandato para o presidente Lula¿, garante o líder do PT na Câmara, Cândido Vaccarezza, empenhado em desfazer especulações na própria bancada de que o partido deriva para outra alternativa. A ministra terá que reduzir as atividades no governo nas semanas de quimioterapia, mas não se licenciará. Quem vai para a linha de frente no confronto com a oposição é o próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que durante a semana administrou o impacto da crise de saúde da ministra com os aliados e os petistas a distância, da China e da Turquia.

A principal preocupação no Palácio do Planalto é com as articulações de petistas e políticos aliados a favor de um novo mandato para o atual presidente da República, o que é considerado um fator de desestabilização da candidatura de Dilma mais grave do que o tratamento quimioterápico que castiga a ministra. ¿O problema de saúde de Dilma não abalou a construção de sua candidatura, a pesquisa Vox Populi mostra isso claramente¿, garante Vaccarezza. Realizada entre 2 e 7 de maio, a pesquisa encomendada pelo PT mostra Dilma entre 19% e 25% de intenção de votos, dependendo do cenário eleitoral, o que é considerado um patamar muito à frente do que era esperado. A sondagem era mantida a sete chaves, mas com os problemas de saúde que levaram Dilma a uma internação de emergência, no começo da semana, a cúpula do PT recebeu autorização de Lula para divulgá-la.

O fato é que a imagem construída pelos marqueteiros do Planalto de que a ministra estaria derrotando com galhardia um câncer linfático acabou abalada pelas fortes dores musculares nas pernas que levaram Dilma a se internar às pressas no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo. A crise de saúde provocada pelo uso de cortisona passou a ideia de que a doença de Dilma estaria fora de controle. Foi o bastante para colocar a candidatura da ministra em xeque junto aos aliados, principalmente do PMDB, e reanimar os defensores do terceiro mandato para o presidente Lula, dentro e fora do PT.

Pesquisa A propaganda partidária de tevê que o PT colocou no ar também contribuiu para ampliar as especulações. Dilma divide espaço com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, e também com o ministro do Desenvolvimento Social, Patrus Ananias, que implantou o Bolsa Família e é um dos nomes apontados para o eventual plano B. São peças de 30 segundos cada, que foram ao ar na quinta-feira, e serão reapresentadas hoje e na terça-feira, entre 19h30 e 22h, horário nobre em todas as emissoras.

Segundo os petistas, a pesquisa Vox Populi mostra que situação eleitoral evolui de forma muito favorável para Dilma, com o governo se fortalecendo na medida em que consegue domar os efeitos econômicos da crise no Brasil. Dilma (23%) subiu em média 10 pontos percentuais, enquanto o governador paulista José Serra (36%), do PSDB, cai na mesma proporção, num cenário em que Ciro Gomes (17%), do PSB, e Heloísa Helena (8%), do PSol, também aparecem como candidatos, mas sem o governador mineiro, Aécio Neves. A pesquisa mostra, ainda, que 41% dos eleitores poderiam votar num candidato apoiado por Lula, dependendo de sua imagem. A capacidade de transferência de votos de Lula estaria em torno de 23%. Esse é o patamar que Dilma estaria em vias de consolidar.