Título: Anistia dará R$ 13 mil a ex-sindicalista petista
Autor: Éboli, Evandro
Fonte: O Globo, 06/11/2009, O País, p. 9

Poleto, que disse ter transportado dólares de Cuba para campanha e depois negou, alegou perseguição por greve de 86

BRASÍLIA. A Comissão de Anistia confirmou ontem concessão de anistia ao economista Vladimir Poleto. Ex-assessor do deputado Antônio Palocci (PT-SP) na prefeitura de Ribeirão Preto, Poleto vai receber indenização de R$ 13.950 (30 salários mínimos), em único pagamento, além da condição de anistiado político. Ele queria receber prestação mensal no valor de R$ 2,6 mil, mas o pedido foi negado.

A anistia não tem relação com perseguição pelo regime militar.

Trata-se de indenização por questão grevista. Poleto, de 53 anos, argumentou no processo que foi obrigado a pedir demissão em novembro de 1986 do Banco do Brasil por ter liderado uma greve. Graças a um documento sigiloso que anexou ao processo, que o apontava como um ¿concitador de movimento subversivo¿, a comissão concedeulhe a indenização, equivalente a um ano de perseguição.

O economista alegou também que teve a carreira no banco prejudicada por sua atuação sindical. Ele ingressou no Banco do Brasil em 1977, e trabalhava numa agência em São Bernardo do Campo (SP).

A comissão anulou o primeiro julgamento, ocorrido em 28 de junho, porque um dos conselheiros julgou-se impedido de participar do caso por ter relações de amizade com o petista.

Poleto recorreu da decisão, por ter se sentido prejudicado. Assim como a conselheira Sueli Belatto, que atuou como relatora no primeiro julgamento, o relator do processo na Comissão de Anistia, Egmar de Oliveira, não viu prejuízo na decisão.

O petista foi investigado pela CPI dos Bingos, em 2005, por duas razões. Uma foi declaração dada à revista ¿Veja¿, de que transportara dólares remetidos por Cuba em contribuição à campanha do presidente Lula, em 2002. Ele teria levado US$ 3 milhões, dentro de caixas de bebidas, num voo de Brasília a Campinas. Convocado pela CPI, Poleto desmentiu a informação, alegando estar embriagado quando concedeu a entrevista.

Ele foi investigado ainda por tráfico de influência. Era um dos responsáveis pelo aluguel da casa no Lago Sul de Brasília para reuniões de lobistas com pessoas ligadas a Palocci, então ministro da Fazenda, e também para festas com a presença de prostitutas, conforme investigações da CPI. Na mansão, chamada de ¿República de Ribeirão Preto¿, trabalhava o caseiro Francenildo dos Santos Costa, que afirmou ter visto Palocci na residência. A declaração de Francenildo acabou levando à demissão do ministro.

Palocci foi indiciado pela PF, acusado de ordenar a quebra do sigilo bancário do caseiro e a divulgação do extrato de sua conta bancária na Caixa Econômica Federal. Mas o deputado foi recentemente inocentado da acusação pelo STF