Título: Empresário diz ser 'feijãozinho' na área judiciária
Autor:
Fonte: O Globo, 08/11/2009, O País, p. 15

Nunca tive negócios com Wider. Não atuo na área eleitoral"

No mesmo escritório de advocacia, o ¿L. Montenegro¿, localizado no 14oandar do número 35 da Rua Primeiro de Março, no Centro, onde recebia políticos, Eduardo Raschkovsky, acompanhado por um assessor de imprensa, negou todas as acusações em entrevista concedida na última quinta-feira. Admitiu, no entanto, ser amigo do corregedorgeral do Tribunal de Justiça (TJ-RJ), desembargador Roberto Wider, e de ter contato com outros magistrados, além de ser um bom apreciador de vinhos. Ele, porém, se classificou apenas como um simples ¿feijãozinho¿ no mundo judiciário.

¿ Nunca tive negócios com o Wider. Não trabalho na área eleitoral. Nunca trabalhei.

Se algum político falou (sobre extorsão para se livrar de processos), tem que provar ¿ afirmou Eduardo, lembrando que somente um político chegou a procurálo para uma consulta. ¿ Não é o meu segmento de trabalho ¿ completou.

Eduardo, por sua vez, desconversou quando o assunto abordado foram as conversas entre ele e os desembargadores nas frequentes degustações de vinhos: ¿ (Os encontros com magistrados) eram bons para bater papo e para descontração, mas nós discutíamos apenas futilidades. É natural estar no meio dos desembargadores do tribunal.

Negócios no exterior não foram à frente, diz Numa sala de reuniões, com isolamento acústico e equipamentos de gravação, Eduardo Raschkovsky disse ainda nunca ter cobrado propina de empresários ou de tabeliães. Sobre a sua ligação com Stephen A. Freeman, por meio da empresa sediada em Miami, a Inco Development Corp, ele foi incisivo: ¿ Paguei US$ 800 para abrir a empresa e ver se conseguiria fazer negócio no exterior. Não deu certo. Fechei a empresa.

Não chegamos nem a ter sala ¿ afirmou o lobista.

Já em relação ao episódio envolvendo o Clube Canaveral, Eduardo Raschkovsky negou ter conversado com o juiz responsável pelo processo, apesar de ter admitido conhecer Roberto Sidi: ¿ Nunca tive interesse no litígio dos sócios do clube.

Indagado sobre as 16 reuniões realizadas com Humberto Braz, que apareceu na agenda do então presidente da Brasil Telecom, alvo da Operação Satiagraha, o lobista contou que os encontros ocorreram duas vezes. E afirmou ter tido contato com o marido da juíza Márcia Cunha somente durante um processo: ¿ Só atuamos juntos em um único momento, que envolveu uma ação de cobrança nos estacionamentos de shoppings centers para motoristas.