Título: Páreo aberto para sucessão de Dilma
Autor: Camarotti, Gerson
Fonte: O Globo, 08/11/2009, O País, p. 12
Coordenadora do PAC tem simpatia de Lula e do PT para assumir Casa Civil
BRASÍLIA. Nos bastidores do Planalto está aberta a guerra pelo espólio da chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, que deixa o governo em abril do próximo ano para entrar na sucessão presidencial. Tudo indica que o nome mais forte para assumir a Casa Civil é o da petista Míriam Belchior, coordenadora do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e subchefe de Articulação e Monitoramento da pasta. Há pressão da cúpula do partido para emplacar Míriam no cargo, já que há resistências à secretária-executiva da Casa Civil, Erenice Guerra.
O presidente Lula definiu o critério de empossar secretáriosexecutivos no lugar de ministros que devem sair para disputar mandatos. Por esse critério, Erenice seria o nome natural, mas Lula aceita exceções.
Nas últimas semanas, sinalizou a interlocutores a preferência por Míriam. Em outras conversas, deu a entender que respeitaria a sucessão natural na Casa Civil. Segundo um ministro, o único obstáculo de Míriam seria sua qualidade: como coordenadora do PAC, teria que encontrar um substituto à altura para evitar paralisações de obras.
O presidente Lula cogitou seu chefe de gabinete, Gilberto Carvalho, e até o deputado Antonio Palocci (PT-SP). Mas não abre mão do primeiro no gabinete e do segundo na coordenação da campanha de Dilma. E Palocci é curinga para a disputa do governo em São Paulo.
¿ O fato de Lula já ter cogitado tantos nomes para substituir Dilma mostra que ele não deseja colocar Erenice ¿ ressalta um ministro petista.
A cotação de Míriam cresceu nos bastidores. É nome de confiança de Gilberto Carvalho. Os dois foram secretários do exprefeito Celso Daniel, assassinado em 2002, em Santo André.
¿ A Míriam é de confiança do Lula, tem entrosamento com Gilberto, conhece o partido e os programas sociais, além de comandar o PAC. Se o governo não quiser ter dor de cabeça, é o nome para o lugar de Dilma ¿ diz o deputado Devanir Ribeiro (PT-SP), amigo de Lula.
Petista foi casada com o ex-prefeito Celso Daniel Míriam, de família de classe média alta, começou a militar na esquerda na associação de moradores de Santo André. Na prefeitura, ocupou a secretaria de Administração, Inclusão Social e Habitação. Foi casada por dez anos com Celso Daniel, mas estavam separados quando ele foi assassinado. Foi apontada pelo ex-cunhado João Francisco como uma das pessoas que se opuseram ao suposto esquema de corrupção na gestão do exprefeito.
Ao Ministério Público de São Paulo, em 2005, declarou desconhecer o esquema.
Em 2002, foi convocada para a equipe de transição de Lula.
No primeiro ano de governo, fez parte da assessoria do presidente e do grupo de trabalho que unificou os programas de transferência de renda e criou o Bolsa Família. Chamada pelo ex-ministro José Dirceu para a Casa Civil, foi mantida no cargo por Dilma.
Engenheira alimentar pela Unicamp e mestre em Administração pela Fundação Getulio Vargas, Míriam, de 51 anos, é apontada como uma gerente com liderança e visão global.
Nos últimos anos sua função é solucionar problemas para agilizar obras, do PAC ou mesmo desde antes dele, como uma espécie de mediadora. Quando Dilma era ministra de Minas e Energia e Marina Silva, de Meio Ambiente, ajudou a buscar soluções para obras de usinas paradas por embargos ambientais.
¿ Ela é uma gerente competente, e tem provado isso em todos esses anos ¿ atesta o presidente do PT, deputado Ricardo Berzoini (SP).
Procurada, Míriam não retor nou ao pedido de entrevista