Título: Para especialista, número de doadores é baixo
Autor: Vasconcelos, Adriana; Braga, Isabel
Fonte: O Globo, 08/11/2009, O País, p. 8

Expectativa para 2010 é aumentar contribuições de pessoas físicas

BRASÍLIA. A exemplo do que aconteceu na campanha do presidente americano, Barack Obama, a internet é uma das principais armas dos partidos para incrementar suas receitas. Diante da autorização das doações via internet, a expectativa é um aumento significativo das contribuições de pessoas físicas.

Atentos às movimentações do PT, os tucanos comentam que só a contratação de um dos gurus de Obama, que estruturou a campanha na internet, custará cerca de R$ 25 milhões.

Sem estrutura nacional organizada, o PV aposta na mobilização dos eleitores e simpatizantes para arrecadar via internet.

¿ Dos R$ 5 milhões que arrecadei para prefeito, houve R$ 1 milhão de doações de pessoas físicas. Com a internet, as doações tendem a crescer ¿ diz o deputado Fernando Gabeira.

Professor do departamento de Ciência Política da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Carlos Ranulfo afirma que as campanhas políticas no Brasil são muito caras e que enfrentam um problema grave: o número reduzido de doadores.

¿ As campanhas no Brasil são caras e têm poucos doadores.

É o grande problema do Brasil. A campanha nos EUA é caríssima, mas são milhares de doadores, inclusive pessoas físicas, pequenos doadores. No Brasil, a entrada de dinheiro é enviesada. As pessoas físicas quase não doam e são poucas as empresas que doam. Isso acarreta maior dependência do político eleito, um maior poder de barganha dos que doam ¿ afirma Ranulfo. ¿ O melhor é fragmentar doações para não estabelecer vínculos entre a empresa que doou e o eleito.

Maior gasto da campanha é na área de comunicação Paulo Ferreira, tesoureiro do PT, confirma que o maior gasto de uma campanha é mesmo com a comunicação. Segundo ele, cerca de 40% do total é usado na produção dos programas eleitorais de rádio e TV, com material publicitário e com a contratação de jornalistas para o candidato e para o site. Outro custo é com a logística, em torno de 25% do total: deslocamentos e distribuição do material de campanha.

Outro gasto importante é com pessoal, cerca de 20%. A lei, diz Ferreira, exige pagamento dos direitos trabalhistas nos três meses da campanha