Título: Gasto com eleição deve passar de R$ 500 milhões
Autor: Vasconcelos, Adriana; Braga, Isabel
Fonte: O Globo, 08/11/2009, O País, p. 8

Tesoureiro do PT estima que só campanha de Dilma gastará R$ 200 milhões, este valor preocupa outros partidos

BRASÍLIA. Diante das projeções apresentadas pelo PT de que os gastos com a campanha da ministra Dilma Rousseff à Presidência da República poderão chegar a R$ 200 milhões, os demais partidos começaram a fazer suas contas para as eleições de 2010.

E já estão preocupados. O PSB estima que, para garantir competitividade à candidatura do deputado Ciro Gomes (PSB-SP), terá de arrecadar pelo menos R$ 100 milhões. O PSDB e o PV estão menos otimistas em relação à capacidade de arrecadação dos candidatos de oposição, e evitam adiantar suas estimativas.

Mas, se os tucanos repetirem os gastos registrados com a candidatura de Geraldo Alckmin em 2006, quando foram consumidos mais de R$ 160 milhões, de acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), as principais campanhas presidenciais deverão custar, somadas, pelo menos R$ 500 milhões.

Esse valor ficará bem acima dos R$ 321,4 milhões consumidos na eleição de 2006 pelos quatro principais candidatos à Presidência.

O comitê de campanha do presidente Lula e o PT, juntos, gastaram R$ 168,2 milhões na campanha pela reeleição. Alckmin apresentou uma conta de R$ 161,1 milhões. Já o candidato do PDT, o senador Cristovam Buarque (DF), só conseguiu arrecadar R$ 1,7 milhão. E a candidata do PSOL, a ex-senadora Heloisa Helena (AL), conseguiu quase um milagre: fechou a campanha gastando apenas R$ 377, 5 mil.

¿Eleição no Brasil é operação de guerra¿, justifica petista O aumento de gastos previstos para 2010, puxado sobretudo pelo PT, faz com que alguns tucanos ponham em dúvida a necessidade deste salto, num país que praticamente não tem inflação. Mas os petistas alegam que não há como ser diferente.

¿ A minha opinião é que campanha da Dilma ficará numa média de R$ 200 milhões. Fazer campanha num país continental como o Brasil é duro. É um esforço gigantesco, fazer comícios nos estados mais afastados.

Eleição no Brasil é uma operação de guerra ¿ justifica o tesoureiro do PT, Paulo Ferreira.

Sem candidato decidido ¿ os governadores José Serra (SP) Aécio Neves (MG) não chegaram a um acordo ¿, o PSDB prefere não fazer prognósticos sobre os custos da campanha. Os tucanos alegam que é preciso conhecer capacidade do candidato de atrair doadores, o que depende especialmente de seu desempenho nas pesquisas e do grau de conhecimento de seu nome.

¿Não temos nem de longe como concorrer com isso¿ A avaliação dos dirigentes tucanos é que um candidato menos conhecido tende a gastar mais na campanha. O presidente nacional do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), prevê que a oposição enfrentará uma campanha desproporcional.

¿ Não temos candidato ainda.

Depois de escolhermos o candidato a vice é que vamos cuidar da campanha propriamente dita. Essa é a ordem dos fatores ¿ disse Guerra. ¿ Mas a expectativa é de uma campanha desproporcional. A pré-campanha da ministra Dilma é um prenúncio disso. Ela anda por aí com a desculpa de fiscalizar obras do PAC e promove um festival de exibição e publicidade, enquanto nossos pré-candidatos continuam governando seus estados. Não temos como concorrer com isso.