Título: São Paulo já tem meta de redução
Autor: Aggege, Soraya; Rodrigues, Lino
Fonte: O Globo, 10/11/2009, Ciência, p. 28

Lei sancionada ontem garante corte de 20% das emissões até 2020

SÃO PAULO. O governador de São Paulo, José Serra (PSDB), sancionou ontem uma lei para reduzir em 20% as emissões de gases de efeito estufa no estado até 2020. Segundo o tucano, a meta é reduzir as emissões de 122 milhões de toneladas por ano (dados de 2005) para 98 milhões de toneladas em 2020. Ao anunciar as medidas, Serra sugeriu que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva apresente uma proposta mais ousada de redução das emissões na Conferência sobre Mudanças Climáticas, que acontecerá em dezembro em Copenhague, na Dinamarca.

¿ Não se trata de ajoelhar no milho, de se autoflagelar. Trata-se de avançar em direção ao futuro. É verdade que os países ricos poluem há mais tempo, mas isso não justifica que Deus morreu e cada um faz o que quer. Pelo contrário, fazendo direito você terá mais moral para mobilizar as forças de pressão no mundo inteiro. Falta defender uma meta com ousadia ¿ disse Serra.

O governador explicou que as metas que vêm sendo discutidas nacionalmente são baseadas em uma linha tendencial de crescimento de emissões no futuro, um artifício matemático para prever o que deveria acontecer se nada fosse feito.

¿ A meta de São Paulo é de redução absoluta, que não pode ser confundida com metas de cortes de tendências. Visualmente, a meta do governo federal pode ser até maior, mas na prática contempla o próprio crescimento da emissão de gás carbônico. Uma coisa é a desaceleração e a outra é a redução em termos absolutos ¿ afirmou.

Para Serra, preservar o clima não é incompatível com o crescimento. Sob aplausos durante a sanção da lei paulista, o governador afirmou que é perfeitamente possível crescer e cuidar do meio ambiente. E afirmou que o que diminui a taxa de crescimento é o juro alto praticado pelo Banco Central.

No mês passado, a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, reclamou da meta de redução do desmatamento proposta pelo ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, de chegar a 2020 com emissões equivalentes às de 2005.

Ao discursar após a assinatura da lei, o governador negou que a política estadual sobre mudanças climáticas tenha conotação eleitoral. Ele disse que a lei estaria sendo elaborada de qualquer forma, sendo ele candidato ou não às eleições presidenciais.