Título: Wider usa sessão do Órgão Especial para se defender e criticar reportagem
Autor: Otavio, Chico; Bruno, Cássio
Fonte: O Globo, 10/11/2009, O País, p. 3

Desembargador se diz vítima de difamação

O corregedor-geral de Justiça do Rio, desembargador Roberto Wider, usou a sessão de ontem do Órgão Especial do Tribunal de Justiça para acusar O GLOBO de fazer uma ¿campanha difamatória¿ envolvendo o seu nome. Reportagem publicada no domingo mostrou as ligações de Wider com o lobista Eduardo Raschkovsky, acusado de tentar vender sentenças judiciais.

O magistrado, que também mandou carta a todos os desembargadores, disse que tomou a iniciativa de pedir investigações ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ), que antes disso já estava apurando o caso. Na sessão, Wider afirmou que recebeu o repórter do GLOBO às vésperas da publicação da reportagem, ¿quando ela já estava praticamente concluída¿.

Ele também criticou a reportagem dizendo que tem ¿apenas informações em off¿ e não traz ¿fato concreto¿ contra a conduta dele à frente do Tribunal Regional Eleitoral do Rio (TRE-RJ) ou da Corregedoria. Para ele, as denúncias podem ter sido fundamentadas em dossiês apócrifos com o objetivo de manchar a imagem dos membros do TJ. O magistrado levantou a hipótese de que a denúncia tenha partido de um colega de dentro do próprio Tribunal, mas disse que o fato não o fará desistir do objetivo: ¿ Vou entrar na concorrência para a presidência desta casa para honrá-la e protegêla ¿ disse Wider.

Ele afirmou que sua relação com Eduardo Raschkovsky vem da apreciação dos dois pelos bons vinhos, hábito que, segundo Wider, muitos membros do TJ também cultivam. Disse que entrará com ações criminal e cível contra todos os integrantes da reportagem.

¿ Vai haver uma reação forte a isso. Eu não vou me submeter (às denúncias), doa a quem doer ¿ encerrou.

Sem ouvir manifestações de apoio, Wider deixou o plenário, logo após o discurso, sem esperar pelo término da sessão.