Título: Oposição abandona CPI da Petrobras e apresenta relatório paralelo ao MP
Autor: Suwwan, Leila
Fonte: O Globo, 11/11/2009, O País, p. 4

PSDB e DEM acusam governo de recusar requerimentos e impedir investigação

DESCONTRAÇÃO: sem a oposição, Gabrielli ri ao depor na CPI, entre os governistas Jucá e Mercadante

BRASÍLIA. Frustrada com o trator governista, a oposição anunciou ontem o encerramento de sua participação na CPI da Petrobras. O PSDB e o DEM pretendem apresentar hoje ao Ministério Público Federal um relatório final paralelo, na realidade um conjunto de 18 representações sobre irregularidades na estatal - desde o superfaturamento na refinaria Abreu e Lima até crimes de poluição ambiental.

De acordo com o PSDB e o DEM, o governo, já experiente em matéria de CPIs, montou um plano para abafar a investigação e evitar a descoberta de supostos rombos bilionários com ligações diretas com a cúpula do governo federal - mas não apresentou indícios de ligações políticas com eventuais desvios. A estratégia, segundo democratas e tucanos, incluiu uma campanha de difamação contra o Tribunal de Contas da União (TCU), principal fiscalizador da Petrobras e hoje alvo de críticas de ministros por atrasar e parar obras.

- A CPI virou um palco de narrativas técnicas, distante das denúncias, feitas por pessoas escaladas pelo governo. Virou uma encenação. Não podemos compactuar com essa farsa - disse o senador Álvaro Dias (PSDB-PR). - Com certeza, o escritório da Petrobras em Brasília vai elaborar o relatório final. O comando e a relatoria da CPI é da própria Petrobras.

"A Petrobras tem um poder enorme", diz Sérgio Guerra

Segundo dados da comissão, todos os 57 requerimentos aprovados são do presidente da CPI, senador João Pedro (PT-AM), ou do relator, senador Romero Jucá (PMDB-RR). Em contrapartida, todos os 75 requerimentos rejeitados e 20 não apreciados são de autoria da oposição. Nenhum depoente foi convocado - todos foram ouvidos a convite. Nenhum sigilo bancário ou telefônico foi quebrado.

Segundo o presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra, a oposição "não tem massa" para se defender da acusação de que está prejudicando os negócios da empresa e do país:

- A Petrobras tem um poder enorme. Isto é importante para o país, mas também é perigoso se não for transparente.

O relator, senador Romero Jucá (PMDB-RR), considerou que sua atuação impediu que ocorresse uma partidarização da CPI e ironizou a oposição.

- Eles se retiraram porque teriam que elogiar meu relatório. Para mim, quem cala consente. O que não aconteceu foi a partidarização das convocações. A CPI não é para isso, muito menos a da Petrobras.