Título: É indigno que um presidente como Lula seja cúmplice
Autor: Figueiredo, Janaína
Fonte: O Globo, 11/11/2009, O Mundo, p. 30

BUENOS AIRES. Marcel Granier, que participou da 65 ª Assembleia da SIP e é diretor geral da Rádio Caracas Televisión (RCTV, cujo canal aberto teve a concessão suspensa), assegurou que Hugo Chávez usará "a suposta guerra (com a Colômbia) para agredir opositores, fechar meios de comunicação e perseguir gente".

A Venezuela foi um dos países mais criticados na reunião...

MARCEL GRANIER: Lamentavelmente, nosso país está seguindo os passos de Cuba. Mais de 200 emissoras estão numa lista negra.

Quando essas emissoras podem ser fechadas?

GRANIER: Quando o governo tiver vontade. Não existem procedimentos legais.

O que aconteceu com a RCTV?

GRANIER: Criamos outra empresa que compra produtos e os transmite por canal a cabo e satélite. O fechamento do canal significou a perda de seis mil empregos.

Considera a Venezuela uma ditadura com fachada democrática?

GRANIER: É uma ditadura. A fachada existe para quem quer acreditar, porque todos sabem que Chávez cometeu abusos nas eleições. Todos sabem que é um governo corrupto, mas a maioria dos países prefere continuar com negócios. Para países como Brasil ou Espanha, os negócios com a Venezuela são atraentes.

O senhor está criticando a atitude do presidente Lula?

GRANIER: Sim, é indigno que um governante eleito, como Lula ou (José Luis) Zapatero (da Espanha), seja cúmplice dos crimes cometidos na Venezuela. Que um presidente como Lula diga que Chávez é o melhor presidente que o país já teve.

Como o senhor interpreta o conflito com a Colômbia?

GRANIER: Há anos estamos alertando sobre a corrida armamentista. As armas servem para armar terroristas e traficantes. Chávez prepara um ataque contra os venezuelanos que não pensam como ele. Esta suposta guerra será usada para agredir opositores, fechar meios de comunicação e perseguir gente. (J.F.)