Título: Primo de Furlan sai de julgamento
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Fonte: Correio Braziliense, 23/05/2009, Economia, p. 19

Secches (E), da perdigão, e Furlan, da Sadia: explicações sobre a criação da Brasil Foods ao Cade

Prestes a analisar a mega-aliança entre Perdigão e Sadia que deu origem à Brasil Foods (BRF), o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) não contará com um de seus seis conselheiros para aquele que promete ser o julgamento mais complexo já realizado pela autarquia. Fernando de Magalhães Furlan, primo do presidente do conselho administrativo da Sadia, Luiz Fernando Furlan, declarou-se impedido de participar da sessão que vai oficializar ou não o casamento entre as duas empresas. A solicitação foi imediatamente atendida pelo presidente do Cade, Arthur Badin.

Badin explicou que o procedimento é comum, embora legalmente não existam recomendações expressas contra ou a favor de ações desse tipo. ¿O conselheiro Fernando Furlan já se declarou impedido, se afasta e não participa da sessão de julgamento. É uma situação muito comum nos tribunais toda a vez que há uma relação de parentesco, amizade ou de proximidade entre o julgador e a parte¿, completou. O presidente do Cade recebeu ontem uma visita de cortesia dos executivos da Sadia, Luiz Fernando Furlan, e da Perdigão, Nildemar Secches.

Os copresidentes da BRF apresentaram ao Cade, de forma genérica e informal, as razões que motivaram a união das duas companhias mais conhecidas do setor de alimentos. Segundo Badin, do ponto de vista técnico, a reunião teve pouco significado, uma vez que o Cade aguarda pelos documentos oficiais que legitimam a fusão. O prazo para o envio de todas as informações é 9 de junho. ¿O desenho da operação foi feito de forma genérica e atécnica. Eles descreveram a visão da importância da operação¿, resumiu Badin.

Furlan e Secches tentaram demonstrar ao Cade que a fusão é benéfica para o país e abrirá janelas de oportunidade sem precedentes no comércio internacional para nova multinacional. Conforme Badin, os representantes da BRF explicaram ainda que a operação está de acordo com a legislação brasileira e que há total disposição em evitar abusos ou concentrações de mercado excessivas que possam prejudicar o consumidor. ¿Os dois empresários declararam a preocupação de respeitar as leis de concorrência e procuraram tranquilizar o Cade de que haverá perfeita e total reversibilidade da operação¿, completou o presidente do órgão encarregado de zelar pelas regras da livre concorrência.