Título: Câmara tem fraude na folha de pagamento
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Fonte: O Globo, 12/11/2009, O País, p. 4

Polícia Legislativa investiga grupo que incluía falsos funcionários para receber parte do salário

BRASÍLIA. A Polícia Legislativa da Câmara está investigando uma nova modalidade de fraude contra a folha de pagamento da Casa. Segundo o site Congresso em Foco, trata-se de um grupo que incluía falsos funcionários na folha de pagamento, a maioria pessoas humildes da periferia de Brasília, para ficar com seus salários. Em troca, as famílias recebiam uma pequena parcela, supondo ser algum benefício social como o Bolsa Família, segundo a reportagem do site.

Até agora, foram indiciadas mais de 30 pessoas em três inquéritos policiais, pelos crimes de formação de quadrilha e estelionato, e o prejuízo supera R$ 1 milhão, apurou o Congresso em Foco.

O site falou com algumas das vítimas, como a faxineira desempregada que aparece na reportagem com nome fictício de Márcia Flávia Silveira. Ela transformouse em secretária parlamentar do gabinete de Sandro Mabel (PR-GO), hoje líder do partido na Câmara.

¿ Como estava necessitando, caí nessa, pensando que ia ter uma boa ajuda. Até que foi, mas descobri que entrei numa cilada ¿ disse a faxineira ao site.

Márcia mora num bairro pobre de Valparaíso (GO), a 50 km de Brasília, com o marido, o auxiliar de serviços gerais Aluísio Leonardo (nome fictício), ambos com 23 anos, e quatro filhas.

O vizinho de Aluísio contou ao site que, em janeiro de 2008, recebeu R$ 30 para indicar os amigos ao casal que queria cadastrar uma família para oferecer um ¿benefício social¿.

Márcia foi orientada a encontrar uma pessoa com o apelido de ¿Franzé¿. Trata-se, segundo o site, de Francisco José Feijão de Araújo, ex-funcionário do gabinete de Mabel. Entregou a ele documentos dela e das três filhas que tinha à época.

Segundo as investigações, a quadrilha passava um cartão de conta poupança às vítimas e ficava com o cartão e a senha da conta corrente. O dinheiro era sacado pelos golpistas que depositavam uma pequena parte dos valores na poupança.

A faxineira terá que provar sua condição de vítima à Justiça Federal, para onde o caso será encaminhado. O ex-assessor, demitido do gabinete de Mabel em setembro, não se pronunciou.

Ao site, Mabel disse que foi ele quem pediu a investigação e que não se pronunciaria para não atrapalhar a investigação.