Título: Lula não telefona para presidente do Paraguai
Autor: Oliveira, Eliane; Figueiredo, Janaína
Fonte: O Globo, 12/11/2009, Economia, p. 31

Corte afeta 6 milhões no país e até mesmo o palácio do governo

BRASÍLIA e BUENOS AIRES. Mais preocupado com o fato de 18 estados brasileiros terem sido atingidos pelo apagão do que com os reflexos da suspensão do fornecimento de energia no Paraguai, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva optou por não telefonar para o seu colega paraguaio, Fernando Lugo, segundo interlocutores próximos ao presidente brasileiro. Na avaliação de Lula, houve um problema técnico que não poderia ser dimensionado por meio de uma conversa entre presidentes.

Durante o apagão, houve contato entre técnicos dos dois países.

Segundo fontes brasileiras, o clima era de surpresa entre os paraguaios, que não imaginavam que a maior hidrelétrica do mundo, em termos de geração de energia, pudesse parar.

O apagão afetou seis milhões de paraguaios. Segundo o gerente técnico da Administração Nacional de Eletricidade, Luis Alberto Villordo, o Paraguai ficou sem luz a partir das 21h13m de anteontem, por 30 minutos: ¿ O sistema foi recuperado em 15, 20 minutos, mas o serviço ao usuário demorou meia hora.

Lugo tenta renegociar tratado desde o ano passado Segundo Villordo, o apagão afetou o funcionamento de todos os serviços públicos no país: ¿ Ficaram paralisados aeroportos, rodoviárias e todos os serviços públicos. Até o palácio presidencial ficou sem luz.

Pelo Tratado de Itaipu, cada país teria direito a 50% da energia da usina. O Paraguai, porém, consome só 5% de sua cota e é obrigado a repassar ao Brasil o excedente. Desde que assumiu a Presidência, em 2008, Lugo luta pela revisão do contrato.