Título: Redução da jornada não deve ser votada até 2010
Autor: Jungblut, Cristiane
Fonte: O Globo, 12/11/2009, Economia, p. 32

Centrais sindicais fazem marcha em Brasília

BRASÍLIA. A redução da jornada de trabalho de 44 para 40 horas semanais não deverá ser aprovada pelo Congresso ainda neste governo.

A avaliação é do próprio autor da proposta, o senador Paulo Paim (PT-RS), que se juntou ontem a um grupo de sindicalistas em encontros com os presidentes da Câmara dos Deputados, Michel Temer (PMDB-SP), e do Senado, José Sarney (PMDB-AP), para pedir apoio ao projeto.

Para pressionar parlamentares e governo a aprovar a proposta, as centrais sindicais realizaram ontem em Brasília uma marcha com cerca de 50 mil trabalhadores, segundo cálculos dos organizadores do evento.

¿ Esse é um debate para o próximo ano e dificilmente será aprovado neste governo ¿ afirmou Paim.

Ele justifica apontando para o fato de ser necessário o apoio de três quintos dos parlamentares nas duas Casas e em dois turnos.

O presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva (Paulinho), um dos organizadores da marcha, contou que Sarney apoiou a proposta, mas que Temer condicionou a votação a um acordo entre centrais e representantes dos empregadores.

¿ Temer defende primeiro um acordo para colocar a proposta em votação porque existem muitas opiniões favoráveis e contrárias ¿ afirmou Paulinho.

Os sindicalistas também foram recebidos pelo ministro do Trabalho, Carlos Lupi, que defende a ideia, mas quer deixar a mudança por conta do Congresso. Na marcha, os sindicalistas defenderam também outros pleitos como a política de valorização do salário mínimo; o aumento real para aposentados e pensionistas do INSS; e o fim do chamado fator previdenciário (que leva em consideração tempo de contribuição, idade e expectativa de vida no cálculo da aposentadoria).

Os projetos estão em tramitação no Congresso e são motivo de preocupação do governo, pois podem ter impacto nas contas públicas.