Título: Álcool sobe 10,61% e puxa inflação
Autor: Almeida, Cássia
Fonte: O Globo, 12/11/2009, Economia, p. 32

IPCA de outubro ficou em 0,28%. Em 12 meses, taxa está abaixo da meta

O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a inflação oficial do país, ficou em 0,28% em outubro, ligeiramente acima das expectativas e da taxa de setembro (0,24%), informou ontem o IBGE. No ano, o índice que orienta o sistema de metas de inflação do governo ficou em 3,5%, o menor nível desde 2007. Em 12 meses, o IPCA está em 4,17%, abaixo portanto da meta fixada para o ano, de 4,5%. Os combustíveis foram responsáveis por maior parte da alta de preços. Sozinhos, álcool e gasolina responderam por 28,5% do IPCA.

¿ Com os problemas de oferta de açúcar pela Índia, o Brasil exportou mais e o preço do álcool combustível subiu muito.

Como a gasolina tem uma parcela de álcool, também subiu ¿ disse Irene Maria Machado, gerente de pesquisa do Sistema de Índice de Preços do IBGE.

Somente em outubro, o preço do álcool subiu 10,61% e o da gasolina, 1,06%. Outro impacto forte na inflação do mês passado foi a telefonia celular, com alta de 2,1%. Os alimentos, na média, caíram de preço.

O grupo registrou deflação de 0,09%, apesar de algumas altas pontuais como a do açúcar, de 9,56%, e das carnes, 1,23%.

Com IPI maior, preços dos carros começam a subir Segundo o professor da PUC Luiz Roberto Cunha, apesar de a taxa ter ficado acima da esperada, não compromete ¿a trajetória benigna da inflação¿.

¿ Os preços dos alimentos devem voltar a subir este mês, mas o álcool e gasolina, não.

Acredito que a inflação em novembro fique entre 0,30% e 0,35% ¿ disse Cunha.

Essa também é a projeção do economista-chefe da Corretora Concórdia, Elson Teles.

Ele lembra que não é somente no varejo que a inflação está comportada. A primeira prévia do Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M), medido pela Fundação Getulio Vargas (FGV), mostrou queda de 0,10%. Nesse índice, 60% dos preços são do atacado.

¿ Há queda nos preços industriais que devem rebater nos preços ao consumidor.

Cunha acredita que o IGP-M deve fechar o ano em -1%, o que vai beneficiar os índices de inflação no ano que vem. O índice é usado nos reajustes de aluguel e indexa outros serviços.

Os núcleos de inflação, que retiram do IPCA as oscilações mais fortes, ficaram comportados no mês passado. A média foi de 0,31%, contra 0,35% do mês anterior, diz Teles.

¿ Há folga em relação ao centro da meta de 4,5%.

Até mesmo a inflação dos serviços, que vinha subindo muito no início do ano, desacelerou, segundo Teles. A alta baixou de 7,20% (em 12 meses) para 6,60% mais recentemente.

E o fim da redução integral do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para automóveis começou a se refletir nos preços. Enquanto em setembro os preços ficaram praticamente estáveis, com alta de só 0,08%; em outubro os veículos ficaram 1,08% mais caros.

Inflação para famílias de baixa renda foi de 0,24% Para o ano que vem, as expectativas também são positivas.

Para Cunha, a única incógnita é a alimentação.

¿ Em março, teremos uma ideia de como os preços dos alimentos vão se comportar.

Mas tudo indica que o IPCA ficará dentro da meta em 2010.

Teles concorda. Mesmo com a recuperação da economia, a apreciação do real empurra os preços internos para baixo: ¿ Temos a chamada moeda commodity, por sermos exportadores desses produtos. Há entrada maior de dólares.

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor, que mede a inflação de famílias que ganham até seis salários mínimos, ficou em 0,24% e acumula alta de 3,48% no ano.