Título: Número oficial do Brasil deve ser apresentado amanhã
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Fonte: O Globo, 12/11/2009, Ciência, p. 36

BRASÍLIA. O governo tenta fechar amanhã os números que irá apresentar na Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, em Copenhague. Além da redução de 80% do desmatamento da Amazônia até 2020, o que resultaria em torno de 570 milhões de toneladas de CO2 a menos, o governo deve apresentar uma meta arrojada de redução do desmatamento do Cerrado: entre 40% e 50% a menos até 2020, com relação à média dos últimos anos. A contribuição dessa iniciativa será de aproximadamente 143 milhões de toneladas de CO2 a menos até 2020.

O número, se confirmado, é ainda mais ambicioso do que o apresentado na última reunião que os ministros tiveram com o presidente Lula para debater o assunto. Na ocasião, falava-se em diminuir a destruição do bioma ¿ que já perdeu metade de sua vegetação nativa ¿ em 20% nos próximos 11 anos.

A proposta do Ministério do Meio Ambiente de estabilizar as emissões brasileiras de gases-estufa até 2020, parece já ter sido incorporada por todos os ministérios.

Isso significa que daqui a 11 anos, o país estará emitindo 40% a menos do que estaria, caso não tomasse medidas para evitar o aumento do desmatamento e o avanço de fontes de energia poluentes em sua matriz. Marcada inicialmente para sábado, a reunião entre Lula e ministros para bater o martelo no pacote de clima deve acontecer amanhã, em Brasília.

Além do desmatamento, que hoje corresponde a cerca de 60% das emissões brasileiras, a segunda área em que o governo centrará esforços para salvar o clima é a agricultura.

Com ações no tripé plantio direto, integração lavoura-pecuária e recuperação de pastagens degradadas, o governo espera emitir cerca de 180 milhões de toneladas de CO2 a menos até 2020. O montante corresponde a um terço do que será alcançado com a redução do desmatamento da Amazônia. Finalmente, a transição da indústria siderúrgica para um modelo ecologicamente correto ¿ no qual todo o carvão consumido é plantado ¿ deve resultar em algo como 100 milhões de toneladas de CO2 a menos em 2020.