Título: PF prende dois em ação na Funasa
Autor: Luiz, Edson
Fonte: Correio Braziliense, 27/05/2009, Política, p. 5

A sede da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), em Brasília, foi alvo de uma busca e apreensão realizada ontem pela Polícia Federal, durante a realização da Operação Covil, desencadeada ontem em Tocantins para apurar fraudes em licitações e obras realizadas com recursos da União. O coordenador da Funasa no estado, João dos Reis Ribeiro Barros, foi afastado do cargo por ordem judicial, e dois engenheiros do órgão presos. A PF fez outras 36 buscas, inclusive na Secretaria de Infraestrutura e no Departamento de Estradas de Rodagem (DER) de Tocantins, em duas empresas e várias residências, além de sete prefeituras. Os desvios apurados chegavam a cerca de 52% do que havia sido liberado.

A investigação da PF começou depois que a Controladoria-Geral da União (CGU) fez uma auditoria em 10 convênios firmados com prefeituras e quatro com o governo do estado. Técnicos da CGU e do Ministério Público Federal (MPF) ficaram surpresos com a quantidade de irregularidades. ¿Havia obra que recebeu dinheiro, mas estava pronta há dois anos¿, contou o procurador da República no Tocantins, Rodrigo Luiz Bernardo dos Santos, que atuou na investigação. O representante do MPF se referia a um esgotamento sanitário em Bom Jesus do Tocantins.

Consórcio A Polícia Federal e o Ministério Público chegaram a pedir 12 prisões preventivas, inclusive do coordenador da Funasa no Tocantins, mas a Justiça Federal concedeu apenas dois mandados. Durante as buscas e apreensões, agentes recolheram documentos e computadores nos órgãos públicos e nas construtoras Getel e CMT Engenharia, integrantes do consórcio responsável pelas obras. Além de João dos Reis, seis servidores públicos, da Funasa e do governo do estado, tiveram suas residências e escritórios vasculhados pelos agentes. Em Brasília, foram apreendidos documentos na sede da Funasa, mas a PF não quis revelar o conteúdo do material.

Em 10 convênios com os municípios de Santa Fé do Araguaia, Cachoeirinha, Praia Norte, Carrasco Bonito, São Sebastião do Tocantins, Pedro Afonso e Bom Jesus do Tocantins deram à União um prejuízo de R$ 1,3 milhão. Para a realização de obras de saneamento básico feito entre o estado e o governo federal, os desvios totalizaram mais de R$ 2,8 milhões, cerca de 52% do que foi liberado pela Funasa. Segundo o Ministério Público, todas as fraudes tinham a conivência do coordenador regional do órgão. A Funasa é da cota do PMDB no governo federal e nos últimos anos vem tendo problemas com a PF. Em Roraima, o chefe local da instituição chegou a ser preso durante uma operação para apurar desvios de dinheiro público.