Título: Rio volta a sofrer com falta de luz
Autor: Almeida
Fonte: O Globo, 18/11/2009, Economia, p. 23

Tijuca foi afetada ontem. Desempenho da Light piorou no ano passado

HOTEL RITZ, no Leblon, com gerador na rua, em frente à porta: equipamento foi alugado depois do apagão

Elenilce Bottari e Juliana Rangel

Apagão ou apaguinho? A pergunta de um leitor para saber se a falta de luz na manhã de ontem era restrita a alguns bairros ou se o país todo estaria às escuras refletiu a dúvida de milhares de consumidores fluminenses que ontem conviveram com novas interrupções no abastecimento. Na Tijuca e no Rio Comprido, faltou luz de manhã e à tarde. Moradores ouviram um ¿estouro¿ nos transformadores na Rua Espírito Santo Cardoso, mas, segundo a Light, a pane foi causada por ¿desarme de um transformador de subestação próxima¿.

A empresa informou que o fornecimento foi normalizado às 14h20m. Em alguns pontos, a falta de luz durou mais de duas horas, como na Padaria Milu, há 50 anos na Rua Hadock Lobo.

¿ Sempre há perdas quando falta luz. O freguês reclama que o café esfriou, o forno tem que ser reaquecido ¿ disse o gerente Alberto Silva, reclamando que a falta de luz é recorrente.

¿ No sábado foi pior, devido ao movimento. E a clientela reclamou do calor. No apagão, tivemos que fechar mais cedo. Hoje (ontem), usamos lampiões ¿ contou o sócio do restaurante Rei do Bacalhau Armando Cruz.

Moradora da região, Maria José Marques precisou descer dez lances de escada para não perder a consulta médica.

¿ Isto acontece com certa frequência. Se já está assim agora, como será no alto verão?

Ontem, também faltou luz na Ilha do Fundão. A Light informou que um problema da UFRJ levou ao desligamento da rede.

Light se prepara para ser vendida a Cemig

O Rio tem sido palco de falta de energia. Na última semana, trechos de bairros da Zona Sul, como Copacabana e Leblon, ficaram às escuras. No Leblon, no dia seguinte ao apagão, a Rede Ritz alugou um gerador para garantir o conforto dos hóspedes. O hotel havia comprado um gerador para o verão, mas, por causa do blecaute, decidiu alugar um equipamento até que o seu seja entregue pelo fornecedor.

¿ Desde que alugamos, já usamos duas vezes o gerador ¿ comentou o gerente-geral Carlos Henrique Coelho, que também trocou o sistema de aquecimento de água de energia para gás.

Em 2008, o desempenho da Light piorou, voltando a níveis de 2002. No terceiro trimestre, o indicador que mede a duração média de interrupção de energia por consumidor ficou em 11,52 horas, contra 8,38 horas em 2007. Este ano, o índice vem caindo, mas permanece acima do registrado em 2007: 8,96 horas. Já a frequência da interrupção foi de 7,06 vezes em 2008, contra 6,24 vezes no ano anterior. O dado mais atual, de setembro deste ano, está em 5,75 vezes.

Em seu relatório de sustentabilidade, a empresa atribuiu a piora a desligamentos programados para fazer investimentos na rede e a condições meteorológicas, como o aumento dos níveis pluviométricos em 33%.

Em meio a esses cortes no abastecimento, a empresa se prepara para ser vendida à Cemig. Ontem, a Light detalhou uma simplificação de sua estrutura societária, considerado um primeiro passo para o negócio. A holding Lidil, controlada pela Rio Minas e Energia (RME), foi incorporada. A RME, que antes tinha 52,13% da Light e era dividida igualmente entre Cemig, Andrade Gutierrez, Luce e Equatorial Energia, passa a pertencer à Equatorial, que terá 13,325% da companhia. Os outros sócios ficam com a mesma fatia, diretamente na Light.