Título: A primeira vez de alguns dos patrocinadores
Autor:
Fonte: O Globo, 19/11/2009, O País, p. 14

Maioria das empresas, porém, diz esperar retorno institucional e que já patrocinava projetos culturais no país SÃO PAULO, BRASÍLIA e RIO.

Mesmo nunca tendo financiado qualquer produção cinematográfica, empresas como Hyundai, Grendene e GDF Suez dizem não ver conflito de interesses ao entrar com recursos para o filme de Lula. A Oi Futuro (do grupo OI, antiga Telemar, que já financiou uma empresa do filho do presidente e ontem recebeu um empréstimo de R$ 4,4 bilhões do BNDES), também participa da produção.

As empresas afirmam que estão interessadas apenas no retorno institucional que o longa poderá proporcionar.

¿ Temos possibilidade de inserção de nossos produtos em algo de sucesso garantido ¿ disse o gerente de marketing da Volkswagen do Brasil, Herlander Zola, para quem o financiamento à cultura é tradição na montadora, que, ano passado, aprovou cinco projetos cinematográficos.

A Souza Cruz disse que o espírito empreendedor e de superação, como mostra o filme, deve ser incentivado para que o país continue no rumo de desenvolvimento econômico e do fortalecimento da democracia.

A Hyundai disse ver no filme grande oportunidade de retorno institucional, mas marketing cultural é uma novidade na empresa.

Assessores da companhia disseram que o investimento alto no filme, mesmo sem os incentivos da Lei Rouanet, vale a pena em razão do retorno comercial esperado.

¿ Não há motivação política.

Estamos investindo no sucesso do filme, nas salas cheias de cinema e nos milhões de espectadores ¿ disse, por sua assessoria.

A AmBev disse que há anos apoia a produção de obras do cinema brasileiro e tem orgulho de ter sido parceira de filmes como ¿Meu Tio Matou um Cara¿, ¿"Boleiros¿, ¿5 Vezes Favela¿.

A Construtora Camargo Corrêa afirma que o patrocínio levou em conta seu apelo histórico e sua reconhecida mensagem de resgate e estímulo à cidadania, além do potencial de exposição da marca da empresa numa produção com grande expectativa de público.

Teriam sido oferecidas cotas de patrocínio de R$ 2 milhões para diferentes empresas. O valor variou.

Procurada, a fabricante de calçados Grendene não informou quanto investiu na produção nem seus motivos. A empresa francesa de energia GDF Suez informou que decidiu patrocinar o filme por considerá-lo ¿um importante documento de memória da vida do atual presidente e da história política a partir da redemocratização do país¿.

O empresário Eike Batista, presidente do grupo EBX, disse que patrocinou o filme pelo profundo respeito e admiração que tem pela história de luta do presidente.

O diretor de comunicação empresarial da Odebrecht, Márcio Polidoro, disse que a empresa resolveu apoiar o filme porque o pedido de patrocínio atendeu aos critérios estabelecidos pela Política de Contribuição Cultural da Odebrecht.

Para chegar aos R$ 12 milhões necessários para a maior produção cinematográfica da história recente do cinema brasileiro, Luis Carlos Barreto escalou para falar com as empresas o executivo Paulo Marinho, ex-sócio do empresário Nelson Tanure.