Título: Ministério Público na rede
Autor: D'Elia, Mirella; Brito, Ricardo
Fonte: Correio Braziliense, 27/05/2009, Política, p. 7

Na briga para suceder o procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, o subprocurador-geral Wagner Gonçalves afirma que irá lutar por um Ministério Público Federal (MPF) mais transparente, mesmo com resistências internas. Com uma proposta radical, ele promete expor na internet todo o trabalho do órgão que não for sigiloso caso seja escolhido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Antonio Fernando vai deixar o posto no fim de junho. ¿Esses dados são públicos¿, disse ao Correio o coordenador da área criminal do MPF.

Gonçalves foi o segundo mais votado da lista tríplice da Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR). A lista foi entregue pela ANPR na Presidência da República ontem, embora Lula estivesse na Bahia. Gonçalves também quer imprimir mais eficiência ao Ministério Público. Disse que pretende priorizar a implantação de um sistema único de dados para acompanhar os processos em tramitação. Ele também defendeu o poder de investigação do órgão, tema em discussão no Supremo Tribunal Federal (STF). ¿Para o próprio controle da atividade policial, precisamos ter investigação. Senão, o que pode acontecer? Vai haver uma casta de pessoas que são inatingíveis¿, afirmou.

Transparência A transparência naturalmente vem com um planejamento estratégico, com dados estatísticos. E esses dados são públicos. Quero lutar para que todo o trabalho do Ministério Público que não seja sigiloso e esteja disponível na rede.

Planejamento O Ministério Público está precisando ter um planejamento estratégico, com objetivos a médio e longo prazo, e precisa ter mais dados estatísticos do resultado das suas ações. Temos que ser um órgão ativo para cobrar de outros órgãos o cumprimento do que determina a Constituição, de um julgamento mais célere.

Sistema único Isso para mim vai ser prioritário. Meu objetivo é atuar dentro de um planejamento que já foi solicitado pelo próprio Conselho Nacional do Ministério Público. É dar o máximo de prioridade nisso.

Sociedade O Ministério Público, constitucionalmente, é uma instituição da sociedade. Então, ele tem que estar em contato com a sociedade. É uma das questões que nós reivindicamos

Poder de investigação Nós não queremos substituir a polícia, em nenhuma hipótese. Ela é uma grande instituição, ela está estruturada, está organizada, nós dependemos dela, sim, para fazer investigação. Mas, para algumas investigações que são feitas por outros órgãos, não dependemos dela. E para o próprio controle da atividade policial, precisamos ter investigação. Senão, o que pode acontecer? Vai haver uma casta de pessoas que são inatingíveis.