Título: Tarso defende asilo político e afirma que há fascismo galopante na Itália
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Fonte: O Globo, 20/11/2009, O País, p. 4
BRASÍLIA. O ministro da Justiça, Tarso Genro, disse ontem que a decisão do presidente Lula sobre o destino do italiano Cesare Battisti ainda pode demorar.
Tarso defendeu a permanência do italiano no Brasil e voltou a dar declarações polêmicas sobre a Itália, país que pediu a extradição.
Segundo o ministro, o crescimento do fascismo naquele país é ¿galopante¿.
Provocado pela imprensa, Tarso não hesitou em fazer um paralelo entre a situação de Battisti e de Olga Benário, jovem militante comunista alemã, de origem judia, deportada para a Alemanha nazista pelo ex-presidente Getulio Vargas. Ex-companheira de Luiz Carlos Prestes, com quem teve uma filha, Olga acabou morta num campo de concentração: ¿ Não sei se faria uma analogia, mas tem uma certa semelhança.
Claro que dentro de um contexto histórico diferente. A Itália de hoje não é um país nazista ou fascista, embora o movimento fascista lá seja forte e galopante, com participação até de integrantes do governo.
Segundo Tarso, a definição do caso partirá de uma decisão solitária do presidente. O ministro ainda não conversou com Lula, mas adiantou que, se for consultado, vai reiterar sua posição de janeiro, quando concedeu refúgio político a Battisti: ¿ (Lula) Tomará uma decisão de acordo com o interesse do país, dentro de uma visão constitucional e humanista.
Apesar da pressão do governo italiano pela extradição de Battisti, Tarso não acredita que uma decisão contrária do presidente Lula provoque uma crise entre os dois países. Tampouco aposta numa crise institucional, caso Lula não siga a recomendação do STF. O ministro disse ainda que não vê mais motivos para que Battisti continue preso.
¿ Na minha visão, ele está preso ilegalmente. Mas essa questão deve ser tratada por sua defesa e não pelo Ministério da Justiça ¿ observou.
Já Battisti não escondeu seu alívio ao tomar conhecimento da decisão do STF. Ele ficou mais confiante depois de ouvir do senador José Nery (PSOLPA), que o visitou ontem, a informação de que o ministro da Justiça considera que não há clima no governo para a extradição.
Battisti não suspendeu a greve de fome, dizendo que ela é o único instrumento de que dispõe para se defender.
¿ Prefiro morrer no Brasil do que nas mãos de meus carrascos na Itália ¿ teria dito Battisti a Nery.