Título: Dólar estimula gastos em viagens
Autor: Cristino, Vânia
Fonte: Correio Braziliense, 27/05/2009, Economia, p. 11

Os brasileiros já estão voltando a gastar mais com viagens internacionais. Embora os dados de despesas, divulgados pelo Banco Central, ainda sejam inferiores aos do ano passado, período em que a crise internacional ainda não havia chegado ao país, os números mostram uma tendência de alta que deve se acentuar, a partir de maio, com o dólar mais baixo e a proximidade das férias escolares de meio de ano.

¿O câmbio começa a ajudar¿, admitiu o chefe do Departamento Econômico do BC (Depec), Altamir Lopes. Em abril último as despesas de brasileiros no exterior, em viagens internacionais, chegaram a US$ 770 milhões. Em março tinha sido de US$ 618 milhões. Até a última sexta-feira, os gastos já chegavam a US$ 653 milhões. De janeiro a abril, os brasileiros deixaram no exterior US$ 2,687 bilhões. Nos mesmos quatro meses de 2008, essa conta chegou a US$ 3,477 bilhões.

O segmento viagens do setor de serviços do balanço de pagamentos sempre foi deficitário, o que significa que os brasileiros sempre gastam no exterior mais do que os estrangeiros aqui. Em períodos de crise, como os vividos até agora, esse déficit diminui. Os brasileiros passam a gastar menos lá fora, enquanto os estrangeiros, duramente atingidos pela c rise econômica, também diminuem as despesas durante as viagens feitas no Brasil.

Em maio, por exemplo, enquanto os brasileiros gastaram US$ 653 milhões no exterior, os estrangeiros deixaram US$ 286 milhões aqui, com a conta viagens ficando deficitária (dados até 22 de maio) em US$ 367 milhões. Em abril, a diferença entre receitas ( o que os estrangeiros deixam no país) e as despesas ( quanto os brasileiros gastam no exterior) foi negativa em US$ 382 milhões. Em abril de 2008, essa conta tinha ficado deficitária em US$ 500 milhões.

Além do câmbio que começa a ficar favorável para as despesas em dólar, o chefe do Departamento Econômico do BC disse que o que mais pesa na hora de decidir uma viagem é o fator renda. Se as famílias têm certeza de que vão continuar dispondo de renda, o dólar favorável é apenas um incentivo a mais. A proximidade das férias pode fazer com que as despesas de brasileiros no exterior se elevem. (VC)