Título: Adiamento de metas climáticas em Copenhague é absurdo, diz Dilma
Autor: Gois, Chico de; Paul, Gustavo
Fonte: O Globo, 23/11/2009, O Mundo, p. 18

Segundo ministra, países ricos terão que apresentar compromissos Chico de Gois e Gustavo Paul

BRASÍLIA. A ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff classificou de ¿absurda¿ a hipótese de se postergar as decisões a serem tomadas na Conferência sobre Mudanças Climáticas da ONU, em Copenhague, em dezembro. Na semana passada, alguns países levantaram a hipótese de adiar o estabelecimento de metas. Dilma, que será a chefe da delegação brasileira na cúpula, voltou a cobrar dos países ricos metas de redução de emissão de gases-estufa.

¿ Ninguém assume o adiamento porque essa seria uma posição absurda. Teve prazo suficiente para os países apresentarem seus números. (Na reunião preparatória) em Copenhague, ficou claro que pode ter um tempo diferenciado para finalizar todos os aspectos legais, mas é impossível que os maiores poluidores do planeta não sejam instados a colocar números na mesa ¿ disse Dilma, depois de participar da eleição da nova direção do PT.

A ministra foi categórica ao afirmar que os países desenvolvidos têm obrigação de apresentar suas propostas e que o sucesso da conferência da ONU dependerá disso. Esse foi um dos pontos colocados na PréCop15, reunião preparatória do evento, ocorrida no início de novembro, em Copenhague, da qual Dilma participou.

¿ Quanto vão reduzir? Quanto de financiamento vão colocar para os países em desenvolvimento? O Brasil já fez essa cobrança.

Havia um consenso dentro da Pré-Cop de que sem esses números é impossível qualquer conversa. É uma situação limite.

Não tem como.

`O planeta é de todos¿, afirma ministra A argumentação e a pressão do Brasil terão como fundamento a proposta voluntária que o país vai apresentar na Dinamarca.

Dilma ressaltou que ainda não surgiu outra melhor nas negociações.

Com isso, a importância brasileira na discussão global do clima se acentua.

¿ Somos o único país que teve uma posição clara com metas que são voluntárias. Chamamos de ações objetivas, mas na prática são números concretos e quantificáveis em termos de CO2. É a tentativa mais concreta de aproximação de um valor e é a mais significativa.

O Brasil quer aprovar no Congresso até o início do encontro em Copenhague a proposta de redução das emissões projetadas para 2020, de 36,1% a 38,9%. O percentual foi incluído na semana passada no projeto de lei da Política Nacional sobre Mudança do Clima, que está sendo discutido no Senado. Dilma lembrou que o Brasil irá apresentar também como credencial, em Copenhague, as ações que desenvolve na área ambiental. E vai cobrar metas de todos.

¿ O Brasil vai defender números claros e compromissos muito concretos, tanto expressos obrigatoriamente pelos países desenvolvidos, quanto voluntariamente pelos países em desenvolvimento. Trata-se de assumir compromissos com a redução das emissões para que a gente possa viver em um planeta que é de todos nós.