Título: Programa nuclear tem de ser às claras
Autor: Scofield Jr., Gilberto
Fonte: O Globo, 24/11/2009, O Mundo, p. 28

ABU DHABI. País vizinho ao Irã, os Emirados Árabes Unidos dizem esperar do governo Lula uma contribuição para o esforço diplomático de dissuasão do Irã quanto a seus planos nucleares, disse ao GLOBO seu chanceler, Anwar Gargash

Enviado especial

O GLOBO: Qual a posição de seu país sobre o programa nuclear iraniano? ANWARGARGASH: O problema é estarmos numa região que já passou por problemas suficientes nos últimos anos, incluindo a Guerra Irã-Iraque. Precisamos de paz e não vejo como o programa nuclear nos termos propostos por Teerã poderá ajudar.

O GLOBO: O senhor é favorável a sanções? GARGASH: Ninguém está questionando o direito do Irã de fazer o uso de energia nuclear, pois os países do Golfo sabem que vão precisar dela para atender à demanda por energia nos próximos 10 ou 20 anos, algo que não será alcançado apenas com gás natural ou energias renováveis.

Nosso argumento é que programas nucleares precisam ser feitos às claras, e isso inclui o uso de alternativas como a de enriquecimento externo de urânio, que já foi proposta ao Irã. Sem transparência, o programa está apenas criando medo nos países da região.

O senhor espera uma posição veemente do governo brasileiro em relação a Teerã? GARGASH: Os Emirados Árabes Unidos têm um bom relacionamento com o Brasil.

Não posso comentar o encontro dos presidentes de dois outros países, mas é claro que a contribuição de países importantes para os esforços diplomáticos é crucial. Existe uma grande oferta na mesa para o Irã, que, por sinal, segue o modelo do próprio programa dos Emirados. Espero que a comunidade internacional ajude a mostrar ao Irã que essa alternativa é a melhor para todos.