Título: Infecções por HIV caem 23% desde 1996
Autor: Weber, Demétrio
Fonte: O Globo, 25/11/2009, O Mundo, p. 31

Mas relatório da Unaids alerta que número absoluto de soropositivos continua crescendo

BRASÍLIA. As novas infecções pelo vírus HIV no mundo caíram 23% entre 1996 e 2008, informa o Relatório Global sobre a Epidemia de Aids 2009, lançado ontem pelo Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS (Unaids). Em 1996, ano em que a epidemia atingiu seu ponto máximo de propagação, 3,5 milhões de pessoas contraíram o HIV, ante 2,7 milhões de novos casos em 2008, de acordo com o estudo.

Mas o relatório informa que o número de soropositivos no mundo está crescendo, como resultado da maior oferta de tratamento e do aumento populacional. Em relação ao ano 2000, os 33,4 milhões de infectados atualmente representam um acréscimo de 20% - um terço com tuberculose, apontada como uma das principais causas de morte de quem vive com HIV.

O coordenador do Unaids no Brasil, Pedro Chequer, disse que o relatório contém dados positivos, mas que a Aids ainda está longe de ser controlada, especialmente por causa da falta de vacina. Além disso, houve aumento do número de casos na Europa Oriental e Ásia Central.

- É motivo de comemoração, mas com muita cautela. Geralmente, quando se divulga esse tipo de dado, a tendência é reduzirem-se as medidas de prevenção - disse Chequer, lembrando que problema semelhante ocorre com a dengue.

O Unaids estima que 33,4 milhões de pessoas vivam infectadas pelo HIV no planeta. O grande risco, alerta Chequer, é que 60% delas - 20 milhões - não sabem que estão com a doença. Ou seja, elas podem estar levando vida sexual regular sem uso de preservativos.

- Isso é terrível do ponto de vista pessoal e coletivo - afirmou Chequer.

No Brasil, segundo o Ministério da Saúde, há 630 mil infectados, sendo um terço mulheres. O Unaids só divulgou dados por continente ou região. A América Latina tem 2 milhões de soropositivos e registrou 77 mil novas infecções no ano passado. O maior contingente de contaminados vive na África Subsaariana: 22,4 milhões. A região mais pobre do planeta respondeu também pelo maior número de novos casos: 1,9 milhão, em 2008.

O Unaids estima que doenças relacionadas à Aids tenham provocado 2 milhões de óbitos em 2008, sendo 1,4 milhão na África Subsaariana, onde a epidemia já deixou mais de 14 milhões de órfãos. O total de mortes no mundo é 10% inferior aos 2,2 milhões estimados para 2004, quando a doença teria atingido seu pico de letalidade.

Dos 630 mil soropositivos no Brasil, o Ministério da Saúde estima que 170 mil foram contaminados no ano passado.

O Unaids estima também que 430 mil crianças e jovens menores de 15 anos tenham sido infectados no ano passado. A entidade acredita que a maioria desses novos casos tenha origem na chamada transmissão vertical, isto é, da mãe para o filho, seja durante a gestação, o parto ou a amamentação.

Os casos de transmissão vertical vêm caindo, mas, segundo Chequer, ainda são muito elevados. Isso porque basta que a gestante e o bebê recebam doses de AZT, um dos remédios mais baratos no tratamento da Aids, para prevenir a transmissão. Em 2008, apenas 45% das gestantes com HIV receberam tratamento.