Título: Dia de transtornos e prejuízos na Zona Sul
Autor: Borges, Waleska; Lima, Flávia
Fonte: O Globo, 25/11/2009, Rio, p. 16

Comerciantes perdem mercadorias que estavam estocadas em freezers e não abrem as portas até o início da tarde

O dia a dia dos moradores da Zona Sul foi totalmente alterado em quase 24 horas de falta de luz. De shoppings que não abriram a sessões de cinema que atrasaram, a rotina foi afetada pelo longo período sem energia elétrica. O trânsito foi um capítulo à parte. Agentes foram mobilizados para orientar o fluxo de veículos em várias ruas de Ipanema, Leblon e Lagoa, que tinham 32 sinais de cruzamentos apagados. De manhã de ontem, os sinais de trânsito da Avenida Ataulfo de Paiva, no Leblon, estavam apagados. Guardas municipais controlavam o tráfego, o que curiosamente fez o trânsito fluir melhor do que em dias normais.

Comerciantes e moradores amargaram prejuízos com mercadorias que estavam na geladeira e estragaram. Muitos donos de lojas não abriram as portas até o início da tarde em ruas como Barão da Torre, Aníbal de Mendonça, Visconde de Pirajá e Garcia D¿Ávila, em Ipanema, e nas avenidas Afrânio de Melo Franco e Ataulfo de Paiva, no Leblon.

Fernando Casares, gerente da Casa Clipper, na Rua Carlos Góis, no Leblon, contou que os prejuízos com a perda das mercadorias perecíveis, além do dia de almoço não servido aos clientes, eram incalculáveis.

¿ No freezer, nós guardamos pernil, frango e carne. Com a falta de refrigeração, temo perder tudo. O pior é que a Light não passa qualquer informação sobre o restabelecimento da luz para os estabelecimentos ¿ reclamou ele, de manhã.

Academia não teve como atender 1.200 clientes

Na mesma área, funcionários de lojas e agências bancárias esperavam, muitos deles sentados na calçada, pela volta da energia, pois não havia como ligar computadores e passar cartões de crédito, por exemplo.

De acordo com Tony Campos, gerente da Academia Proforma, na Rua Prudente de Morais, em Ipanema, os 80 funcionários do estabelecimento também ficaram sem trabalhar até o início da tarde de ontem. Por dia, passam pela academia cerca de 1.200 pessoas.

¿ Os clientes ficam ligando e não sabemos o que dizer, porque a Light também não dá uma explicação para o problema ou quando a luz vai retornar ¿ reclamou Tony.

Crianças vão almoçar na casa da avó

Com o ombro quebrado, Alberto Tayah, de 67 anos, que mora na Avenida General San Martin, no Leblon, decidou ir para a casa da filha passar a noite do apagão, mas retornou à 1h de ontem, quando a luz voltou ao seu prédio. No entanto, ele acabou tendo uma surpresa desagradável:

¿ Com a volta de luz, resolvi retornar. Mas, quando cheguei em casa, a energia acabou de novo. Então, tive que passar o resto da madrugada em casa no escuro. Foi um calor terrível.

Moradora do Alto Leblon, a empresária Vera Grilo, de 70 anos, foi, na parte da manhã, buscar produtos que estavam na geladeira da casa do filho, na Rua Garcia D¿Ávila, onde não havia luz. A ideia era salvar o máximo de mantimentos.

¿ Com a falta de luz, trouxe os meus dois netos que precisaram almoçar comigo ¿ contou Vera.