Título: Subida de Dilma em pesquisa faz oposição agir
Autor: Vasconcelos, Adriana
Fonte: O Globo, 25/11/2009, O País, p. 12

PSDB, DEM e PPS combinam reação e protocolam 18 pedidos de investigação sobre supostos desmandos na Petrobras

BRASÍLIA e SÃO PAULO Sem disfarçar o desconforto com as pesquisas que indicam tendência de queda nas intenções de voto do presidenciável tucano José Serra (SP), líderes e dirigentes de PSDB, DEM e PPS iniciaram ontem uma ofensiva para unir forças, unificar o discurso da oposição e partir para o ataque ao governo. A ideia é se contrapor à melhora do desempenho da pré-candidata petista, Dilma Rousseff. Mas, na avaliação feita reservadamente no almoço que os uniu ontem, concluíram que esse esforço será em vão se os tucanos adiarem a escolha de seu candidato para março, como defende o governador paulista. Essa posição deverá ser levada a Serra nos próximos dias.

Dentro da nova estratégia de ataque, a oposição protocolou ontem 18 pedidos de investigação de supostas irregularidades cometidas na Petrobras, identificadas pelo relatório paralelo elaborado pelos tucanos e democratas no final dos trabalhos da CPI da Petrobras. Entre elas estão o superfaturamento de R$2 bilhões nas obras da refinaria Abreu e Lima (PE), a recontratação de empresas investigadas por fraudes em licitações da Petrobras e o preço excessivo da gasolina, o que configura, segundo a oposição, uma infração contra a ordem econômica.

Tucanos admitem que adversária pode crescer mais

Segundo relato de participantes do encontro de ontem, todos admitem que Dilma deverá crescer ainda mais nas pesquisas até o fim do ano. Estimam que ela deverá passar dos 20% das intenções de votos, estimulada não apenas pelo que chamam de uso indiscriminado da máquina federal para turbinar a candidata do PT, mas também pela indefinição da oposição.

O presidente nacional do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), tentou minimizar para a imprensa a avaliação feita ontem:

¿ A oposição não vai ficar paralisada porque não tem ainda seu candidato.

Já o presidente nacional do DEM, deputado Rodrigo Maia (RJ), que participou do almoço e defendera anteriormente a antecipação da escolha do presidenciável tucano, disse que o importante agora é que a oposição se organize para enfrentar a candidata do governo.

¿ A Dilma vai crescer ainda mais porque o governo Lula tem 80% de aprovação e vai continuar usando a máquina para ajudá-la. Negar que a candidata do PT vai crescer é negar o óbvio ¿ observou Maia.

Embora pressionando para que os tucanos definam seu candidato o mais rapidamente possível, os aliados do PSDB alertaram que essa operação não poderá fragmentar o partido.

¿ Teremos de administrar a pré-campanha, o fogo amigo e as definições dos palanques estaduais sem ter um candidato ¿ disse o líder do DEM, senador José Agripino (RN).

A partir de agora, a oposição planeja se reunir sistematicamente para avaliar o quadro eleitoral, se antecipando a eventuais conflitos estaduais e estabelecendo uma estratégia de atuação conjunta no Congresso. E antes do fim do ano legislativo, os partidos planejam promover um evento de confraternização das bancadas do PSDB, DEM e PPS com Serra e Aécio.

Ontem, em São Paulo, o governador José Serra disse não acreditar que a situação econômica do país determinará a escolha do próximo presidente.

¿ Em 2006, a economia não vinha bem, e o Lula ganhou a eleição ¿ disse ele, em entrevista à rádio Jovem Pan.

Em Fortaleza, em entrevista à rádio Verdes Mares, Serra afirmou que, caso seja eleito presidente da República, vai manter o programa Bolsa Família. Em outra entrevista, à rádio Jangadeiros, ele disse que não é hora de falar em candidatura:

¿ A gente tem tempo e não deve, como se diz na expressão, matar cachorro a grito.