Título: Brasil poderá liberar US$14 bilhões ao FMI
Autor: Beck, Martha
Fonte: O Globo, 26/11/2009, Economia, p. 30

Objetivo é reforçar o caixa para enfrentar crises, numa espécie de "cheque especial"

BRASÍLIA e RIO. O Brasil decidiu aumentar em US$4 bilhões o aporte de recursos que o país se comprometeu a fazer no Fundo Monetário Internacional (FMI) para aumentar o poder de fogo da instituição. Com isso, o montante que o governo pode liberar para o Fundo subiu dos US$10 bilhões já anunciados para US$14 bilhões. Segundo o ministro da Fazenda, Guido Mantega, a decisão faz parte da estratégia adotada pelos Brics (grupo composto por Brasil, Rússia, Índia e China) de ganhar mais influência dentro da instituição.

Ao aumentarem o volume de recursos disponíveis para que o FMI conceda empréstimos e ajude outras economias a saírem da crise mundial, os Brics passaram a deter, conjuntamente, mais de 15% de participação dentro de um grupo chamado Novos Acordos de Empréstimo (NAB, na sigla em inglês). Com isso, terão poder de veto sobre as decisões tomadas no âmbito desse grupo. Os outros integrantes do NAB são EUA, Japão e União Europeia.

O NAB é um conjunto de reservas de vários países que são usadas para conceder empréstimos. Ele foi criado em 1998, mas desde o início da crise o FMI começou a discutir sua reforma, de modo que ele ganhasse mais recursos. Funciona assim, como uma espécie de reserva que pode ser usada em momentos de crise se não houver recursos suficientes no Fundo. No entanto, para ser usado precisa de aprovação prévia.

Numa reunião dos países do FMI realizada ontem, ficou decidido que alguns países fariam aportes maiores - elevando o teto do NAB para US$600 bilhões. Também ficou decidido que essa linha especial para empréstimos vai vigorar até 2012.

Dinheiro permanecerá nas reservas do país

O ministro explicou que os US$14 bilhões do Brasil ficarão aqui no país, como parte das reservas internacionais. Apenas estes dólares estarão denominados - ou aplicados - em um papel diferente.

Se o FMI precisar de recursos, vai ao NAB para solicitar a liberação do crédito. O Brasil, ao fazer o empréstimo ao FMI, recebe Direitos Especiais de Saque - um papel conversível a qualquer momento.

- É como se fosse um cheque especial - disse Mantega. - Criamos um "FMI do B". São mais recursos que o Fundo Monetário pedirá ao NAB. É uma linha mais poderosa - afirmou o ministro.