Título: Alerj cria CPI para investigar extorsão a políticos
Autor: Otavio, Chico; Bruno, Cássio
Fonte: O Globo, 26/11/2009, O País, p. 8

Eduardo Raschkovsky, acusado de tentar extorquir dinheiro usando ligação com desembargador, será ouvido

PAULO MELO, Paulo Ramos, Luiz Paulo Corrêa e Gilberto Palmares

Foi aprovada ontem, em discussão única, na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que vai investigar um esquema de extorsão a prefeitos e candidatos nas eleições de 2006 e 2008 praticada pelo lobista Eduardo Raschkovsky. Está marcada para hoje a nomeação dos membros que vão compor a CPI. A Comissão será instalada amanhã. Raschkovsky deverá ser ouvido pelos deputados até sexta-feira da próxima semana. Os parlamentares pretendem ainda quebrar os sigilos fiscal, bancário e telefônico do lobista.

Uma série de reportagens do GLOBO revelou que Raschkovsky utilizava suas relações no Judiciário fluminense para oferecer a políticos blindagem em processos eleitorais em troca de vantagens financeiras e, assim, evitar a suspensão de seus registros de candidatura. Na lista de amigos do lobista está o corregedor-geral do Tribunal de Justiça do Rio, desembargador Roberto Wider, licenciado do cargo após as denúncias. Na época, Wider era presidente do Tribunal Regional Eleitoral do Rio (TRE-RJ).

- O próximo passo agora é a instalação da CPI e a convocação imediata de Raschkovsky. O Wider também será ouvido - disse Paulo Ramos (PDT), que presidirá a CPI.

Também serão chamados para depor advogados que trabalham no escritório L.Montenegro Advogados Associados, administrado por Raschkovsky, e candidatos a prefeito e a deputado nos dois últimos pleitos.

Délio Leal foi o único contra a apuração das denúncias

Indicados para fazer parte da comissão, o deputado Gilberto Palmares (PT) defendeu as investigações:

- A Casa tem o dever de apurar os fatos. O caso envolve o Tribunal Regional Eleitoral do Rio. Temos a obrigação de fazer uma investigação.

Alessandro Molon (PT) também discursou a favor da CPI, mas fez ressalvas:

- As denúncias são graves. Não temos nenhuma dúvida. No entanto, os deputados não podem aprovar apenas as CPIs que não envolvem o governo do estado.

Délio Leal (PMDB), por sua vez, foi o único parlamentar presente no plenário que mostrou insatisfação com a abertura da Comissão:

- Não temos competência para investigar o TRE. A CPI vai pagar mico. As pessoas mais informadas vão ver que foi um equívoco e as menos vão ficar frustradas porque não vai dar em nada. O que tinha que ser feito era entregar as denúncias nas mãos do Procurador-Geral da República.

Na relação de membros da comissão estão incluídos ainda Luiz Paulo Corrêa da Rocha (PSDB), Paulo Melo (PMDB) e André Corrêa (PPS). Este último está cotado para ser o relator do caso.