Título: Corrupção: leitores pedem engajamento social
Autor: Autran, Gustavo
Fonte: O Globo, 29/11/2009, O País, p. 13

Integrantes de fórum online querem ver propostas de fiscalização da sociedade em debate amanhã no GLOBO

Mau uso das verbas públicas, propinas e privilégios do poder costumam ser os protagonistas quando se discute a corrupção no Brasil. Mas os milhares de comentários escritos pelos leitores que participam do fórum sobre o tema no site da campanha ¿Nós e Você. Já São Dois Gritando¿ (www.oglobo.com.br/doisgritando) mostram que o assunto começa a ganhar novos contornos. Cresce o consenso de que, mais que denunciar ou pedir providências, é dever da população arregaçar mangas na fiscalização. A proposta será uma das abordagens do debate que o GLOBO organiza amanhã, reunindo políticos, jornalistas e representantes de ONGs engajadas no combate à corrupção.

O evento ¿Corrupção ¿ O Debate¿ vai contar com a participação do senador Pedro Simon (PMDB-RS), do matemático Cláudio Abramo, diretor-executivo da ONG Transparência Brasil, da professora Rosângela Giembinsky, coordenadora da ONG Movimento Voto Consciente, e da socióloga Maria Apparecida Fenizola, vice-presidente do Instituto de Desenvolvimento de Estudos Políticos e Sociais. O colunista Merval Pereira fará a moderação.

¿A diferença entre o ladrão e o político é que o ladrão escolhe você. Já o político, é você que escolhe¿, escreveu no site a internauta Maria Lúcia Leite, numa referência à importância do voto consciente no combate à corrupção na esfera pública. ¿Não votar em candidato de ficha suja já pode ser um bom começo¿, fez coro Adriane Costa Lima, em sua participação. Já para o leitor Reinaldo de Andrade, a grande preocupação é o combate à extorsão do dia a dia: ¿Muita gente acha normal molhar a mão do guarda para não ser multada. E quase todo mundo aceita passivamente a extorsão do flanelinha para não ter o carro arranhado... Sei que é difícil fugir deste círculo vicioso, mas, se continuarmos aceitando tudo isso, sempre seremos um pouco corruptos, também¿, disse.

A percepção exposta no mundo virtual encontra coro entre os participantes do debate. Para a professora Rosângela Giembinsky, o único caminho para dar um fim à corrupção no Brasil é o engajamento de parcela significativa da população em movimentos sociais.

¿ A corrupção só é concretamente combatida quando todos nós buscamos participar de todos os mecanismos sociais à nossa disposição. É preciso atuar mais nas organizações sociais, desde a associação de moradores até entidades de classe. Temos que influir nas decisões sobre os problemas que nos afetam. Não podemos deixar esta obrigação para os outros decidirem por nós ¿ diz Rosângela.

Especialista defende mobilização social

Mobilização social também é a receita defendida pelo diretor-executivo da ONG Transparência Brasil, Cláudio Abramo, que participará do debate de amanhã.

¿ Temos que pensar na corrupção como um problema causado pela ineficiência gerencial do Estado. Há brechas na lei, e falta fiscalização do setor público ¿ diz.